Nota repudia acusações de que Dom Geremias Steinmetz estaria promovendo a ideologia de esquerda na Igreja

Rede Lume de Jornalistas

Sindicatos de trabalhadores e organizações sociais reagiram ontem ao conteúdo de uma carta assinada por entidades patronais de Londrina com críticas ao arcebispo Dom Geremais Steinmetz. A carta, enviada no início do mês ao núncio Giovanni D’Aniello (representante do Vaticano no Brasil), denuncia o arcebispo por promover suposta “infiltração esquerdista” na Igreja local. A nota de repúdio das organizações sociais, publicada pela Folha de Londrina, classifica o documento como “um total desrespeito à postura evangélica da Arquidiocese de Londrina e principalmente ao seu pastor Dom Geremias”.

O manifesto segue argumentando sobre as intenções da carta enviada ao representante papal: “querem impor uma Igreja que regojiza com as profundas dificuldades que vêm sendo impostas às camadas sociais mais carentes; querem uma Igreja que se abstenha de defender leis que contemplem uma proteção social digna; condenam a postura de Dom Geremias por ele não se alegrar com as injustiças sociais e por fazer do seu pastoreio uma jornada em defesa dos injustiçados”.

Assinam o manifesto: Associação Juízes para a Democracia; Frente Povo Sem Medo; Frente Brasil Popular; Coletivo Feminista Classista Marielle Franco; Coletivo dos Sindicatos de Londrina; Coletivo Paulo Freire; APP Sindicato – Núcleo Sindical Londrina; Sindicato dos Bancários de Londrina e Região; Associação dos Servidores da Universidade Estadual de Londrina (Assuel); SindPrevs Paraná; Sinterc Paraná; SindSaúde Paraná; Sindiprol/Aduel; Sindicato dos Metalúrgicos de Londrina; Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Londrina; Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná; CUT – Regional Norte Central; Evangélicos Pela Justiça; Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra; Coletivo Mobiliza Londrina; Rede de Médicas e Médicos Populares; Levante Popular da Juventude e Consulta Popular.

A própria Arquidiocese já havia se manifestado sobre a carta, por meio de nota oficial, argumentando que “Na sua função de pastor, o arcebispo está em plena comunhão com o Papa Francisco e seu presbitério e não age de forma que contrarie a orientação da Igreja em seus documentos”. A Arquidiocese diz que o líder religioso tem consciência tem consciências das tensões e ideias diferentes dentro da Igreja e se coloca aberto ao diálogo.

“A arquidiocese lamenta que no atual momento histórico, alguns posicionamentos da Igreja, cumprindo sua missão pastoral de cuidar dos mais fracos, sejam confundidos com ideologias”, completa.

Parte do conteúdo da carta assinada pelas entidades patronais de Londrina foi divulgada pelo site Crux, dedicado ao Catolicismo. Nela há elogios às virtudes dos antecessores de Steinmetz e acusações de que o arcebispo estaria “permitindo que o PT aparelhasse a estrutura da nossa Igreja”.

Os reclamantes apontam o que consideram desvios na gestão do arcebispo: “Em diversas paróquias, permite-se que sejam divulgadas meias verdades e velhas mentiras, tais como a identificação entre o socialismo e o cristianismo; a luta de classes marxista, que opõe ricos e pobres; a malfadada Teologia da Libertação (condenada com veemência pelos santos padres João Paulo II e Bento XVI); e a ideologização da Igreja (condenada com veemência pelo santo padre Francisco)”.

Acredita-se que a motivação para tal descontentamento com Steinmetz tenha sido a divulgação de uma cartilha, no mês de maio, em que a Arquidiocese aponta os prejuízos da Reforma da Previdência, tal como apresentada pelo governo, para a população mais pobre. No jornal Folha de Londrina foram muitas as cartas de leitores reagindo negativamente à iniciativa da Igreja.

Dentre os signatários da carta crítica ao arcebispo estão a Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil) e a Sociedade Rural do Paraná (SRP).

Deixe uma resposta

%d