Apesar de ser considerada improdutiva pelo Incra, área não foi destinada para a Reforma Agrária

Cecília França, com informações da assessoria do MST

Cerca de 200 policiais, 60 viaturas e integrantes da Tropa de Choque realizaram, na última quinta-feira, o despejo das famílias do acampamento Ester Fernandes, em Alvorada do Sul. Elas ocupavam a Fazenda Palheta, de posse do grupo Atalla, há 10 anos e agora estão alojadas, provisoriamente, no assentamento Iraci Salete, também em Alvorada.

A área de 692 hectares foi declarada como grande latifúndio improdutivo pelo Incra em 2008 e ocupada pelas famílias de trabalhadores rurais sem terra em 2009. O MST argumenta que, além da improdutividade, o grupo Atalla, proprietário da Usina Central do Paraná, deve cerca de R$ 650,2 milhões para a União e foi flagrado com trabalhadores em situação análoga à escravidão, a partir de investigação do Grupo Especial de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho e Emprego, do Ministério Público do Trabalho e da Polícia Federal.

“Nós não queremos ouro e prata, não. O que nós queremos é isso aqui, ó, um pedaço de terra que vai dali até aqui em cima, pra gente ter o nosso sustento, comer, ter água, ter um animal pra gente sobreviver. Gostamos da terra, fomos criados na terra, aí vem essas pessoas injustas. O governo não conhece a situação dos Atalla? Não sabem quem são, não conhece as dívidas dessas pessoas? Cadê o governo que não ajuda o povo?”, questiona Maria Helena, moradora do acampamento.

As famílias fazem parte da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). Esta foi a oitava ação de reintegração de posse no Paraná desde o início do ano. Há poucos meses, Bispos da CNBB no Estado chagaram a emitir nota e se reunir com o governo estadual para pedir a reversão dos despejos das famílias, mas o governo argumenta que não cabe a ele a decisão, e sim à Justiça.

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