“Meu filho sempre foi muito amado por mim e pelo pai. Sempre teve muitos amigos. Ele estudou na mesma escola que eu dava aula até a quarta série. Depois que saiu da rede municipal foi para a estadual, começou a usar maconha e nós ficamos preocupados. Colocamos ele em outra escola e não adiantou. Mas ele fumava a maconha dele tranquilo, não era um dependente.
O pai dele morreu de repente e o Jorge ficou revoltado, triste demais, pois era muito apegado ao pai. Depois, ficou desempregado e passou a fazer transporte de relógios que um policial civil comprava no Paraguai (contrabando). Levava para os chineses em São Paulo. Eu falava para o meu filho para ele parar porque ele ia acabar sendo preso.
Mas ele continuou, conheceu outras pessoas e passou a transportar cigarros para uma pessoa muito forte. Depois de fazer uma entrega em Ibiporã, foi perseguido pela polícia e teve de fugir porque estava com R$ 50 mil do patrão. Se escondeu numa casa, mas levaram o carro dele.
O advogado foi tentar tirar o carro do Jorge que estava na delegacia e uma pessoa da Polícia Civil pediu R$ 30 mil (propina) para liberar.
Meu filho contou para um amigo sobre o pedido de propina, exigido pela Polícia. Esse rapaz foi preso depois e ouviram a mensagem no celular dele com o nome da pessoa que cobrava o dinheiro para liberar o carro.
Num dia, foram com helicóptero e tudo na casa do meu filho para prendê-lo (o jovem estava sendo investigado por um assalto que houve na Souza Cruz). Ele estava viajando. A pessoa encostou a arma na cabeça da minha nora e disse para ela que iria ate o fim do mundo atrás do Jorge porque o Jorge tinha sujado o nome dele e a aconselhou a nunca estar no mesmo carro que o Jorge.
Meu filho estava desesperado, tentando levantar dinheiro para pagar a Polícia. Até insisti com ele que iria vender meu carro para ajudá-lo a pagar essa pessoa, pois não aguentava mais ver o sofrimento dele para levantar o dinheiro que ela pedia.
Até que no dia 19 de fevereiro, houve o assalto na Gol, quando levaram os computadores da empresa. O Jorge participou desse assalto, estava dirigindo o carro com a mercadoria que foi roubada. Estava no galpão e os policiais chegaram e executaram ele e os outros três. A Polícia falou em confronto, mas eles nem estavam com armas.
As armas que os policias disseram que encontraram lá, com certeza, foram plantadas no local do crime para justificar o dito confronto.”
A professora ainda não conseguiu acesso à investigação. Ela denunciou o agente da Polícia Civil ao Gaeco em Londrina. Mas ainda não foi chamada para depor. A irmã de Jorge foi convocada pelo 5º Batalhão da PM para prestar declaração. “Fui com minha filha, mas não me deixaram entrar. Não quiseram me ouvir.”
A reportagem aguarda posicionamento da Polícia Militar a respeito das ocorrências.
Já a Secretaria da Segurança Pública do Paraná enviou uma nota dizendo que “tem como premissa determinar investigação de todo e qualquer caso que chegue oficialmente (canais oficiais) a conhecimento das instituições policiais, pois não compactua com condutas irregulares de nenhum integrante das forças, ou qualquer órgão ligado à Pasta. Sobre os casos em específico, sugerimos à reportagem a procurar as instituições supostamente envolvidas para saber sobre os andamentos.”
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