Projeto inovador da Máscara Azul A98 reutiliza material descartado e foi pensado, inicialmente, para suprir o Hospital Universitário durante a pandemia do Coronavírus

Cecília França

O pedido da reitoria da UEL para que o curso de Design de Moda desenvolvesse uma máscara de alta proteção para uso no Hospital Universitário (HU) chegou como um desafio, e o resultado foi inovação. A máscara Azul A98 consegue aliar proteção – por meio do material utilizado e do design – e sustentabilidade, uma vez que reutiliza o SMS (Spunbond Meltblown Spunbond), material descartado nos hospitais após o uso como embalagem cirúrgica. O objetivo inicial é suprir a demanda interna do HU, uma vez que a crise do Coronavírus levou à escassez de máscaras no mercado.

A enfermeira e docente da UEL Danielly Negrão se interessou pelo SMS há algum tempo e, há seis meses, implementou o Projeto Muda, que coleta e separa o material no HU para a produção de bolsas e outros itens. Foi através deste projeto que a docente do curso de Design de Moda Thassiana Mioto conheceu o SMS e entendeu seu potencial para a produção das máscaras.

“A solicitação era para a gente pensar em um material que fosse eficiente na proteção. Nas pesquisas surgiu o contato da Danielly. Nós não conhecíamos o SMS. Ele parece um TNT (tecido não-tecido) comum, mas tem uma função de filtração bacteriana porque é usado para embalar caixas cirúrgicas (durante a esterilização)”, detalha Thassiana.

Thassiana explica que o SMS é muito similar ao material das máscaras cirúrgicas comuns, porém, estas são feitas de TNT comum mais outra camada de filtragem – material que está em falta no mercado. A utilização do SMS veio justamente para cumprir essa função do filtro.

Máscara azul sendo preparada para esterilização. Foto: frame de vídeo da Agência UEL

“O que torna a máscara mais segura que a comum não é só o SMS, é a forma que a gente conseguiu chegar, porque a máscara cirúrgica retangular não veda o rosto, fica com as sobras, e a gente tentou chegar numa máscara de alta proteção pela vedação”, explica. O formato final é semelhante ao de um respirador. A equipe realizou testes em mais de 80 formatos de rosto para garantir, também, o conforto da peça.

Um lote de 400 máscaras em formato retangular (como o das comuns) já foi entregue para o HU e a equipe possui material para confeccionar outras 15 mil, agora no formato A98. A confecção será feita por empresas parceiras e por detentos da Penitenciária Estadual de Londrina 1 (PEL1).

Referência

O projeto da máscara Azul A98 nasceu para suprir a falta de máscaras comuns no HU, mas pode se tornar referência para todo o Paraná. A UEL já anunciou que apresentará o modelo para o Governo do Estado e os benefícios são grandes atrativos: custo baixo (R$ 0,20 por unidade) e maior proteção.

Máscara Azul tem dupla camada de filtração. Foto: Danielly Negrão

“Além de exceder as exigências técnica das normas quanto a filtração e barreira, ela tem uma barreira dupla de um material que já tem três camadas unidas por fusão térmica. Tem maior vedação no rosto que para aerossol é fundamental. O conforto é outro ponto forte, testamos mais de 80 formatos de rostos”, destaca Danielly Negrão.

A enfermeira e docente se diz satisfeita por participar de um projeto que ajuda a sanar a falta de um insumo básico para um hospital público durante uma das maiores pandemias da história.

“Tenho o sentimento de estar cumprindo meu papel como docente de uma universidade pública, pensando uma solução rápida e de baixo custo para um hospital 100% SUS na maior crise sanitária dos últimos tempos. Nos restou inovação com ciência, sustentabilidade e responsabilidade social”, finaliza.

Saiba mais sobre o projeto: http://www.uel.br/com/agenciaueldenoticias/index.php?arq=ARQ_not&FWS_Ano_Edicao=1&FWS_N_Edicao=1&FWS_N_Texto=30242&FWS_Cod_Categoria=2

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