Professora paranaense está isolada há im mês em cidade do Estado de Nova York; Estados Unidos têm o maior número de casos e mortes e mortes por Covid-19 do mundo

Cecília França

A professora Ana Paula Malacrida Dugan, 38, não sai da casa onde reside com o marido e a filha, em Saratoga Springs, estado de Nova York, desde 17 de março. A faculdade em que ministra aulas optou por terminar o semestre letivo online, por isso, ela também deixou de levar a filha para a casa da cuidadora que a assistia nos dias de trabalho. As duas permanecem em casa todo o tempo.

Grávida de 27 semanas do segundo filho no país que registra o maior número de casos de Covid-19 no mundo, a brasileira só espera que a situação esteja mais controlada até o parto. Os Estados Unidos registravam até ontem 1,24 milhão de casos da doença e 73.211 mortes.

“Meu cunhado foi contaminado no campus onde trabalha enquanto dividia um espaço com outro professor. Ele teve febre alta e dores no corpo. (…) O amigo de meu marido também foi contaminado por alguém do trabalho e ficou em isolamento em casa com a família, porém sua esposa pegou o vírus. Os dois tiveram muitas dores no corpo e febre muito alta”, relata Dugan.

Na opinião da brasileira, natural de Jandaia do Sul (PR), os altíssimos números da pandemia nos Estados Unidos devem-se ao fato de o vírus ter alcançado Nova York, uma das cidades mais populosas do mundo, onde as medidas de isolamento foram prorrogadas até 15 de maio. Porém, pode ter havido uma demora na detecção do vírus, conforme notícias lidas por ela.

“Já li várias reportagens que o vírus já estava circulando por aqui e na Europa muito antes dos primeiros números serem confirmados”, conta. As medidas de isolamento social em Nova York foram prorrogadas até 15 de maio.

Leia depoimento completo:

“Moro aqui há quase 12 anos. Eu tenho trabalhado de casa desde março porque a faculdade onde ensino decidiu que terminássemos o semestre online. Por conta disso, não tenho levado minha filha mais à casa da mulher que tomava conta dela nos dois dias que tinha que ir ao campus. Com relação ao lado pessoal, nada foi muito alterado, pois fico com minha filha em casa a maior parte do tempo, além dos dias que tinha que ir ao trabalho, obviamente. Por consequência do vírus, entretanto, não podemos ir a parques ou a lugares públicos, ficando em casa sem poder ir a lugar algum. Meu marido é quem vai ao mercado e à farmácia quando é preciso.

Dia 17 de março foi o último dia que saí de casa. Tive uma consulta médica e depois disso não fui mais a lugar algum. Meu marido vai ao trabalho porque não há praticamente ninguém no local e seu trabalho se encaixa na categoria de essencial, pois trata-se de equipamentos médicos e oncológicos. Os outros funcionários estão trabalhando de casa. Porém, para ele é mais fácil ir ao trabalho, pois moramos em um apartamento não muito grande e, desde que o prédio está vazio e sendo desinfetado duas vezes por dia, ele se sente seguro enquanto está lá.

Meu cunhado foi contaminado no campus onde trabalha enquanto dividia um espaço com outro professor. Ele teve febre alta e dores no corpo. Ficou em isolamento em casa junto de sua família, a qual se isolou também, mas o vírus não contaminou ninguém mais. O amigo de meu marido também foi contaminado por alguém do trabalho e ficou em isolamento em casa com a família, porém sua esposa pegou o vírus. Os dois tiveram muitas dores no corpo e febre muito alta. 

(Sobre o Brasil) O que é mais noticiado aqui é o fato de que o Presidente Jair Bolsonaro acredita que o Covid é apenas uma ‘gripezinha’ e que o país sofre uma polaridade entre os que querem salvar vidas e os que querem a economia ‘aberta’ – de certa forma, assim como aqui.

Minha família toda está aí no Brasil e isso me preocupa pelo fato de muitos no Brasil não estarem levando esta situação a sério. Quanto à família do meu marido, estamos mantendo distanciamento social. Eu estou grávida e por conta disso não quero estar perto de ninguém além de minha filha e meu marido.

Gostaria que os brasileiros levassem essa pandemia muito a sério, pois os números publicados são mais baixos do que os jornais noticiam. Mantenham-se distantes, fiquem em casa e protejam-se com máscaras e luvas o máximo que puderem.”

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