por Melissa Campus, atriz e produtora cultural londrinense, atualmente morando em Milão, Itália

O sexo e o erotismo sempre foram cultuados nas antigas civilizações. O uso do corpo para a purificação da mente sempre fora adorado pelos grandes Reis terrenos em seus grandes templos Divinos. Belas sacerdotisas, com seus conhecimentos e sua importância em cultos religiosos, desempenhavam a tal purificação e conexão com tais divindades.

Em uma sociedade falocêntrica, uma Rainha Sádica dominante com um “Grande Argumento” através de sua beleza e virilidade pode se tornar uma “Deusa Divina”, se possuir tal técnica e a inteligencia necessária para exercer tal função.

A técnica atrelada à performance teatral vem melhorando infinitamente meu desempenho para além da beleza física e outras fúteis superficialidades.

“Rainha Chanelly” (minha criação), uma belíssima deusa sádica dentro dos padrões de exigência para executivos muito exigentes, por natureza realiza seu sacerdócio, através da punição daqueles que a procuram. Na realidade, uma “Mãe Punitiva”, com o poder de fazer justiça, punir ou perdoar seus pecados.

Procuram por tal Rainha fascinante, sedutora e capaz de sobressair às suas atitudes hostis e, muitas vezes, injustas.

No dia a dia somos performance cotidiana, personagens construídos, bem ou mal sucedidos, pensados e criados para sanar as cobranças do mercado capitalista e consumista.

Na Cultura Capitalista “somos o que possuímos” e muitas das vezes “somos o que não desejamos”.

Manter a engrenagem do turbocapitalismo significa alimentar esta máquina onde o combustível é a jovialidade, a força braçal e a vitalidade humana pela capacidade intelectual de desenvolver ou destacar-se no mundo do trabalho formal.

O cargo de “patrão”, responsável, o obriga a tomar decisões difíceis, que interferem diretamente na vida de seus empregados. Neste momento de crise mundial financeira por conta da Covid-19, as tensões e o stress aumentam.

Neste cenário, “homens de poder”, excêntricos, políticos, responsáveis por grandes empresas e multinacionais são meu público-alvo. O senso de culpa consome suas mentes formadas para o lucro, porém, a paz de espírito desaparece através de suas atitudes e seus inúmeros “pecados”.

Então, “Rainha Chanelly” entra em cena, incorporando a essência da Divindade Nêmesis em uma atitude magistral de misericórdia ou punição absoluta em uma estrutura compensatória do senso de culpa.

Eles são escravos , estão presos e não conseguem sair ou mudar seus comportamentos ou sentimentos de culpa, praticam seus atos e necessitam da espiação para se sentirem inocentes e puros novamente.

Através da punição e da penitência praticam a espiação do erro e do que percebem como “pecado.” São perdoados através de atos religiosamente obscenos. Porém, o ciclo vicioso se reinicia no dia seguinte com as mesmas atitudes escravocratas.

Somente “Nêmesis”, com sua balança da justiça, pode punir ou perdoá-los, libertá-los por algum momento ou até alguns instantes de sua escravidão e proporcionar algum alívio mental, para que reiniciem o ciclo vicioso de atitudes injustas e lucrativas no dia seguinte.

Apesar de Nêmesis ter nascido na família da maioria dos deuses trevosos, vivia no Monte Olimpo e figurava a vingança divina. Era também chamada “a inevitável”, e era representada como uma bela mulher alada. É a deusa que personifica o destino, o equilíbrio e vingança divina


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