Em comemoração ao Dia do Agricultor Familiar, MST doa mil marmitas em Curitiba
Olga Leiria (texto e fotos)
De Curitiba
No próximo sábado, dia 25 de julho, comemora-se o Dia do Agricultor Familiar. Uma data para celebrar o respeito com aquele que produz o alimento que chega em nossas casas. Quando passamos pela gôndola do mercado, não imaginamos quantas histórias estão por trás da batata, mandioca, alface, couve, laranja. A grande maioria é produzida por famílias que dedicam sua vida a trabalhar com a terra. Dias esperando a chuva cair e outros, esperando ela passar.
Em comemoração ao Dia do Agricultor Familiar, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST paranaense decidiu doar mil marmitas para pessoas em situação de rua ou vulnerabilidade social. Os alimentos foram colhidos em todos os cantos do Paraná. Cada marmita contém uma história de um pedaço de terra do Estado, de Norte a Sul, de Leste a Oeste.

E todos os produtos são orgânicos, desde a fruta até a carne. Um pequeno potinho de açafrão com mel foi entregue com a marmita para ajudar na imunidade nesta época de frio e de pandemia.
As Marmitas da Terras, como foram chamadas, são fruto do trabalho coletivo em áreas da reforma agrária.
Segundo informações do Simpósio Nacional de Instrumentação Agropecuária (Siagro), Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), no ano de 2019, o estado usou em campo mais de 95 mil toneladas de agrotóxicos. Estamos entre segunda e terceira posição no ranking dos que mais consomem agrotóxico no Brasil.
A iniciativa do MST tem o objetivo de combater a fome em área urbana, principalmente nas grandes cidades, e ajudar as famílias impactadas com a crise da Covid-19. Pessoas que perderam empregos ou tiveram seus salários reduzidos, para quem o alimento se tornou item de luxo.
“A fome revela o grande número de desemprego, que demonstra o enfraquecimento político do estado e deixa as pessoas vulneráveis. Por este motivo, o MST decidiu entrar nessa luta. Essa doação reafirma o trabalho do MST e a necessidade da reforma agrária em nosso país”, afirma Roberto Baggio, líder do Movimento Sem Terra no estado do Paraná.
A prefeitura do município de Curitiba cedeu a cozinha do Mercado Municipal e a Praça da Solidariedade, localizada embaixo do viaduto do Capanema, onde foram servidas refeições. As demais marmitas foram entregues em praças centrais e pontos de apoio da capital.

Morgiana Kormann, representante do departamento de Estratégias de Segurança Alimentar e Nutricional da prefeitura, comentou: “A parceria foi muito boa, ainda mais que o alimento é orgânico, tornando a refeição mais saudável e segura.”
Em Curitiba o MST já doou 7.800 marmitas junto com organizações parceiras. As entregas são sempre às quartas-feiras.
Sadoke Pires, 29 anos, está em situação de rua há 40 dias. Veio de Minas Gerais atrás de emprego, mas não conseguiu nada. Faz as refeições todos os dias no espaço criado pela prefeitura. “Muito interessante a iniciativa. A comida não tem veneno, isso é bom.”, comenta. Já o homem conhecido pelo apelido de Cabelo, 45, está nas ruas há dois anos e também aprovou a ação do MST. “A comida está muito boa, tem sabor”.
PELO ESTADO

Desde março, o MST doou 258 toneladas de alimento para 30 mil famílias no Paraná. No sábado, 25 de julho, em Laranjeiras do Sul, 6 mil famílias acampadas irão doar 200 toneladas de alimentos para moradores de bairros mais vulneráveis das cidades de Laranjeiras do Sul, Rio Bonito de Iguaçu, Quedas do Iguaçu, Espigão Alto do Iguaçu, Porto Barreiro, Goioxim, Cantagalo, e em sete comunidades da Terra Indígena Rio das Cobras, em Nova Laranjeiras.
Já da região norte, o pessoal do MST dos municípios de Florestópolis, Centenário do Sul, Porecatu, Arapongas e Londrina doaram 43 toneladas de alimentos somente no mês de junho.
Arroz, feijão, abóbora, mandioca, fubá crioulo, legumes, hortaliças e frutas vão compor a sacola de alimentos que chegará até as famílias.

Deixe uma resposta