Documento enviado a integrantes do Comitê Volta às Aulas isentava o Estado de possíveis contaminações por Covid-19; hoje Secretaria classificou o arquivo como ‘fake news’ e publicou novo termo

Cecília França

Atualizado às 21h20

Integrantes do Comitê Volta às Aulas no Paraná receberam na última quinta-feira (30), por e-mail, o protocolo para retomada das atividades presenciais. No documento constava, como único anexo, um Termo de Responsabilidade a ser assinado por pais ou responsáveis e pelos alunos. Nele, o governo isentava a si próprio e as escolas por possíveis contágios. Dizia o termo:

Considerando que se trata de um agente patológico que pode afetar qualquer membro da comunidade escolar e de seu entorno e que, muitas vezes, esse agente pode ser assintomático em algumas pessoas, declaro que estou ciente do agravamento dos riscos que envolvem o retorno às aulas presenciais, não podendo responsabilizar a instituição de ensino, bem como o Governo do Estado do Paraná por eventual contaminação ou desenvolvimento da doença.” (Veja arquivo completo abaixo)

O arquivo circulou pelas redes sociais e causou revolta em professores, pais e na comunidade. A APP-Sindicato, que não assinou o protocolo por ser contrária à retomada das aulas presenciais em setembro, também se posicionou contra o termo. Neste sábado, a Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (SEED) emitiu novo protocolo com alterações no documento. (Veja a versão atual abaixo) No site de notícias do Estado, a SEED classifica a versão anterior como “falsa”.

Versão do termo publicada hoje pela SEED

Para o professor Bruno Garcia, representante de base da APP-Sindicato, o recuo do Comitê é resultado da mobilização da entidade junto à comunidade. “Não era falso, foi a nossa pressão popular que fez mudar”, diz, em vídeo direcionado à categoria.

Em nota, Walkiria Olegário Mazeto, diretora da APP, acrescenta: “O Estado sabe que a retomada presencial das aulas causará aumento dos casos de contaminação e morte e quer passar essa responsabilidade para a comunidade”.

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