Para profissional, medidas mais restritivas, como as anunciadas ontem pela Prefeitura de Londrina, deveriam ter sido tomadas em agosto
Cecília França
Nelson Bortolin
Foto em destaque: Prefeitura de Londrina
Semanalmente, há quase seis meses, um grupo de catorze profissionais de diversas áreas se reúne para avaliar os dados relativos à pandemia em Londrina. Eles formam o Grupo de Trabalho Covid-19 e seus relatórios baseiam as orientações do Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (Coesp). Em agosto o grupo visualizou um aumento acentuado de casos na cidade e passou a classificação de risco de moderado para alto, o que sugeriria novas medidas restritivas. O Coesp sugeriu a bandeira vermelha, mas a Prefeitura não acatou.
Ontem, quando Londrina completou 200 óbitos por Covid-19, o prefeito Marcelo Belinatti (PP) anunciou novo fechamento de bares e áreas públicas. Na avaliação de um integrante do Grupo de Trabalho Covid, que preferiu não se identificar, a medida foi acertada e já deveria ter sido tomada anteriormente.
“Os dados mostram um cenário de aumento dos casos de uma forma consolidada e os fatores que influenciaram foram os surtos e locais que geram grandes aglomerações, como bares, boates e praças”, avalia. “Na minha opinião, algumas medidas poderiam ter sido tomadas desde meados de agosto, pois foi nessa época que os casos começaram a aumentar. Nesse período, ficamos acompanhando se os casos eram uma tendência ou somente surtos isolados”.
O grupo, composto por profissionais da saúde, geógrafos, matemáticos e estatísticos, analisa dados diversos, como aumento da ocorrência de síndromes gripais em geral, oferta de leitos, índice de isolamento e taxa de positividade (índice de resultados positivos entre os testados). O profissional entrevistado pela Lume é cuidadoso na análise desta taxa.
“O que temos visto é que essa taxa tem variado entre 15% a 25% nos últimos dois meses. Podemos classificar como baixa, porém, particularmente não observo se é alta ou baixa e sim sua evolução. Se pensarmos que uns dois meses e meio ela estava na faixa de 15%, é algo que preocupa. Mas era esperado aumentar, já que os surtos e as semanas de inverno mais intenso fizeram aumentar as síndromes gripais de forma geral”, pondera.
O integrante do grupo é igualmente cauteloso na análise da oferta de leitos, uma vez que a média diária de casos aumentou de 80 para 145 em apenas um mês.
“Apesar da cidade de Londrina receber muitos pacientes da região, ainda a quantidade de leitos está suportando bem a pandemia. Novos leitos foram adquiridos e isso foi importante para o sistema de saúde suportar esse aumento. De qualquer forma, é um indicador que deve ser acompanhado semanalmente”.
Questionado se serão necessários fechamentos constantes até que se tenha uma vacina para o novo Coronavírus, o profissional avalia como muito provável. “Essa é uma tendência não só de Londrina mas da maioria das cidades de médio a grande porte do Brasil.
Novo recorde
Nesta quarta-feira Londrina registrou o maior número de novos casos de Covid-19 desde o início da pandemia. Foram 208. Nos últimos sete dias, 1.138 londrinenses testaram positivo para o novo coronavírus, o que resulta numa média diária móvel de 162 novos casos.
No acumulado, são 7.380 resultados positivos de Covid-19 na cidade, sendo que 6.635 dessas pessoas já estão curadas.
A cidade também registrou outras quatro mortes pela doença nesta terça-feira. No total, agora são 200. A média móvel diária de óbitos é de 3,7.
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