Por Carlos Monteiro*
Ultimamente, as brasas das fogueiras das vaidades têm sido abastecidas por doses maciças de álcool 70% e uma profusão de carvão em lumaréu. Ensimesmados e encimados na obrigatoriedade para se conservarem no controle e com o poder absoluto e diante do dito popular: “queres conhecer o caráter de um homem dá-lhe poder”, muitos têm sucumbido e mandado às favas seus compromissos com a moral mesmo que seja amoral tal atitude.
Passam a exercer seus podres poderes das maneiras mais vis que hão de existir. Quebram regras, inventam leis, mudam normas no transcurso do jogo, muita das vezes por serem os donos da bola, do campo, quiçá do time. Levou uma pedalada, um drible, um chapéu ou um gol? Acaba o jogo ali.
Ficam tão cegos pelo poder que esquecem do básico: o Parágrafo único do Artigo 1° da Constituição Federal de 1988: “Todo o poder emana do povo…”. Não é diferente fora do país porque o problema não está na raça, credo, ideologia. O problema está no homem com raríssimas e honrosas exceções.
Em tempos de eleições ou julgamentos equivocados, isso fica mais patente e menos latente. Se não dá para esconder o Sol com a peneira, usam cortina densa de fumaça. Se não dá para cumprir o que determina a Lei, usam artifícios jurídicos. Se não dá para vencer no gramado, rola-se a bola para o tapetão. O importante é manter o poder, a vaidade do ‘ser’ e comprovar o maior dos maiores equívocos: o ser humano vale o que tem e não o que é e o que representa para a sociedade com os exemplos e atitudes.
Tudo é possível na busca do poder perene e absoluto. Ter ciúmes do que não deve, inveja do que não poderá alcançar, medo do que não o causa, insensatez que beira o ridículo e mentira cujo tronco é diametralmente desproporcional às pernas. Tudo vale porque mantêm a alma apequenada, mas, o poder engrandecido.
A imponderação chega a ser tão grave que opções extremas são postas em prática como derradeiras soluções à leviandade. Se não conseguem, destroem, em pensamentos e atitudes utópicas, a possibilidade de outrem sê-lo. São capazes de abater a galinha dos ovos de ouro, esfolar o asno e guardar a pele como troféu, quebrar a cornucópia, matar o Rei Midas ou Nicolas Flamel.
Em tudo e por tudo, Caê caetaneou: “…Enquanto os homens exercem/Seus podres poderes/Morrer e matar de fome/De raiva e de sede/São tantas vezes/Gestos naturais…”
Que a fogueira se extinga.
*Carlos Monteiro, 61, é cronista, jornalista, fotógrafo e publicitário carioca. Flamenguista e portolense roxo, mas, acima de tudo, um apaixonado pela Cidade Maravilhosa
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