Prontos-Socorros de Evangélico e Santa Casa têm se mantido superlotados nas últimas semanas, um problema antigo para o qual a promotoria pretende buscar solução regional
Cecília França
Foto: trecho de vídeo enviado à reportagem
Circulou na última semana um vídeo mostrando o Pronto-Socorro do Hospital Evangélico de Londrina (HEL) lotado. Naquele dia, quarta-feira passada (11), haviam 37 pacientes no PS, que tem 19 leitos disponíveis. Outras 12 pessoas aguardavam leitos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), cujas 15 vagas estavam ocupadas. Ontem, a situação era semelhante: 38 pacientes no PS e 13 aguardando vaga em UTIs.
Na Santa Casa de Londrina a superlotação tem sido rotina nas últimas semanas. Na quinta-feira passada (12) o PS da instituição trabalhava com 43 pacientes para 12 vagas, ou seja, dentro do conceito de “vagas zero”. Isso quer dizer que não há vagas, porém, o hospital continua recebendo emergências. Anteontem (16), havia 32 pacientes para as mesmas 12 vagas e 4 em leitos extras de UTI.
Dados detalhados de ocupação de leitos de enfermaria e UTIs, aos quais a Lume teve acesso, mostram que, em duas semanas – entre 02 e 15 de novembro – as UTIs adulto tanto da Santa Casa quanto do Evangélico registraram ocupação acima dos 90% em ao menos 11 dias. O mesmo ocorreu em quatro dias na UTI neonatal do HEL. Os dados se referem a leitos do Sistema Único de Saúde (SUS).
Cabe ressaltar que o índice de ocupação constante no Boletim Covid, distribuído diariamente pela Prefeitura à imprensa, no qual também consta a ocupação de leitos gerais, é um média entre leitos SUS e privados.
A pandemia trouxe algumas dificuldades extras para os hospitais terciários (de alta complexidade), especialmente a partir da redução de atendimento geral por parte do Hospital Universitário (HU), que se tornou referência no atendimento à doença. No entanto, a superlotação não chega a ser um problema novo ou exclusivo deste ano. Trata-se de um problema para o qual Promotoria da Saúde quer buscar solução.
“É uma coisa que quero enfrentar com os colegas promotores de toda a região depois da pandemia, porque tem determinadas situações que vem para hospitais terciários que as micro regiões poderiam tratar”, afirma a promotora Susana de Lacerda. “Um braço quebrado sem gravidade, uma cirurgia de vesícula, por exemplo, poderiam ficar, se não no município, na micro região, mas acabam vindo para cá. Isso eu gostaria de organizar”.
Lacerda não defende, porém, que cada município tenha um hospital “porque não são viáveis”. “Só é viável um hospital acima de 150 leitos, então, um município pequeno não tem condições, mas tem que ter uma rede de referência na microrregião para que aquilo que não precisa de uma atenção tão especial não venha parar nos hospitais terciários, fique nos hospitais de Rolândia, Cambé”, exemplifica.
A promotora pretende tratar dessa questão no pós-pandemia. De acordo com ela, a 17ª Regional de Saúde tem esse mapeamento e isso pode ser viabilizado com “boa vontade dos prefeitos”. “Investir em saúde não é comprar ambulância, é ver quais são as necessidades do local e, às vezes, com poucas especialidades médicas você evita transporte de doentes, diminui gastos, aí o prefeito pode contribuir menos no consórcio, talvez, porque vai acabar tratando o paciente no município, nos hospitais secundários”, cogita.

A 17ª Regional de Saúde, da qual Londrina é sede, compreende outros 20 municípios, dentre os quais apenas Cambé tem mais de 100 mil habitantes.
A reportagem pediu entrevista sobre o assunto para o secretário de saúde, Felippe Machado, e aguarda retorno.
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