Doação de alimentos e brinquedos foi coroada com a presença do Papai Noel, que encantou as crianças do Jardim Felicidade
Cecília França
“A Elóa tá numa emoção”, diz Vilma Santos Costa, 57, sobre a neta Eloá Monique, 5, no momento da chegada do Papai Noel. Na manhã deste sábado (19), um punhado de gente se reuniu na Avenida da Sensibilidade, em Londrina, para doar e receber. Sorrisos, esperança e gratidão se misturavam às vozes das crianças e adultos no amplo galpão de reciclagem no Jardim Felicidade. Dona Vilma e Eloá estavam entre os moradores assistidos pela ação de fim de ano da Central Única das Favelas (CUFA-PR), que distribuiu presentes, alimentos e kits de higiene.
Fundadora da cooperativa de reciclagem, Dona Vilma precisou deixar de trabalhar há dois meses por um problema no coração. “Vai ajudar todo mundo, principalmente eu, que sou pai e mãe dos meus filhos, e ainda doente…”, diz ela sobre as doações. Segundo dona Vilma, a situação dos catadores de recicláveis ficou mais difícil durante a pandemia, pois houve aumento da concorrência.
“Quando eu tava trabalhando era bom, mas agora é muita concorrência. Muita gente perdeu o serviço, correu atrás de alguma coisa, muitos pegaram carretinha pra poder sobreviver. Às vezes o pessoal chega aqui e fica parado”, lamenta a mãe de oito filhos.
Neste fim de ano a CUFA-PR arrecadou em Londrina mais de duas toneladas de alimentos e pretende atender 150 famílias. Também foram arrecadados produtos de higiene e, no Jardim Felicidade, um grupo de voluntários levou brinquedos. A 4a Cia Independente da Polícia Militar (PM) colaborou na coleta e transporte dos mantimentos. Também estão entre os parceiros a Rede Lume de Jornalistas, a ONG Acolher Bem e a academia Vibe Sport Concept Lab.
“Ações como a de hoje são como uma injeção de ânimo para as pessoas que recebem a ajuda; elas são um ato de solidariedade das pessoas que fazem a doação e elas são mais um motivo de persistência para quem faz ativismo e militância de direitos sociais e igualdade”, diz Lua Gomes, da CUFA-PR e Conexões Londrina. “Quem luta pela justiça social precisa dessas pequenas gotas diárias de ânimo para prosseguir o caminho e continuar ajudando as pessoas e, com essa ajuda, fazer com que outras pessoas possam compreender a importância de união, de diálogo, de união e de acessos”, afirma.
O comandante da 4a Cia da PM, Major Marcos Tordoro, diz que ações solidárias estão em total acordo com o conceito de polícia de proximidade que ele tem aplicado na prática. “A ação da polícia é voltada para as pessoas. Aqui é uma ação de polícia na sua essência, porque está focada na prevenção primária”, explica. “Queremos que a comunidade se aproxime de nós, para ver como nós funcionamos, como nós operamos. Porque no espaço geográfico estão as pessoas e o foco de qualquer política pública tem que ser as pessoas”, defende o comandante.
Lorraine Nayara, 27, mãe de dois filhos, conta que o marido ficou três meses sem trabalhar por ser grupo de risco para covid-19 e agora “está pagando as horas” na empresa. Ela comemora a chegada da ajuda. “Igual a cesta que a gente está ganhando da escola, está ajudando bastante também. Ontem mesmo fui comprar leite, quase morri! Quatro reais um caixa de leite. Tudo tá alto o preço, arroz, feijão. Engraçado, cerveja que criança não bebe tá barato, o leito tá caro”, compara.
Amanda Santos Costa, 34, mãe de três meninas de 15, 13, 12 anos e de um menino de 3 anos, saiu carregando as doações com um sorriso no rosto. Para ela, o ano de 2020 foi muito complicado, especialmente pela falta da escola. Mas ela tem esperanças de um 2021 melhor.
“Só meu marido que trabalha e a gente paga aluguel”, conta. “Maravilhosa (essa ação). Que Deus abençoe a todos que estão fazendo isso. É muito bom saber que lembra do povo que mora nos fundos de vale, dos pobres”, finaliza.
Deixe uma resposta