Por Carlos Monteiro*

Hoje completamos 200 mil vidas ceifadas pelo novo Coronavírus no país. São 200 mil Marias e Clarisses chorando por seus maridos e filhos do solo da nossa Pátria mãe gentil, que voltaram ao sal da terra. Famílias destroçadas e devastadas, sofrimento e dor.

Misto de descaso, inconsequência, desumanidade e negacionismo perpetrados de forma sistemática, o Brasil chega a essa assustadora e vergonhosa marca, ficando somente atrás dos Estados Unidos. Triste sina a nossa, triste número, triste marca para a história.

De quem é a culpa? Segundo o mandatário do país, no melhor estilo “eu ganhei, nós empatamos, vocês perderam”, os culpados são a China, a imprensa canalha, o Felipe Neto, o Mandetta, o Bonner e vai por aí afora, aliás, para ele não existe pandemia. Tudo não passa de uma gripezinha que, para quem tem perfil de atleta, nem fará cócegas. Tudo intriga da oposição e da imprensa sem vergonha, sensacionalista e alarmista. Só falta dizer que a Covid-19 é fake News.

Em seu estilo debochado, misógino e homofóbico, cabe nesta crônica, como se comportaria: “tem culpa eu?”. Se não compra vacinas argumenta que elas têm nacionalidade, por tê-la, são duvidosas, chegando a torcer, por questões ideológico-políticas, que desse errado. Se não adquire seringas é uma questão de preço que teria dobrado, esquecendo uma lei básica do capitalismo selvagem que tanto propala e admira; a lei de oferta e procura.

Seu comportamento pode ser comparado ao menino mimado e luxento que, para se safar dos problemas, sai convocando causadores aleatoriamente, muitas vezes beirando o ridículo.

Na campanha diária em minimizar a trágica história brasileira, diante da pandemia, a imprensa tem sido a grande vilã, dia sim, outro também, segundo suas palavras. É acusada de “potencializar” o coronavírus, espalhar o medo e divulgar, de forma assustadora e sensacionalista, números e fatos em relação à doença. Outra tática comum é a do “não é bem assim”, “está fora do contexto” ou “não foi isso que eu quis dizer, a imprensa safada é que distorceu”. Acusações levianas sem provas, ameaças veladas ou reveladas também são prática comum.

E nessa insensatez diária lá se vão mais vidas e nada vem da vacina. Enquanto países que rezam em cartilhas de direita, levam a coisa a sério, como a Hungria, Polônia, Israel por aqui tudo parece ter tom de chacota e chiste no regime “quanto pior, melhor”!

Até quando, ou será até quantos?

*Carlos Monteiro, 61, é cronista, jornalista, fotógrafo e publicitário carioca. Flamenguista e portolense roxo, mas, acima de tudo, um apaixonado pela Cidade Maravilhosa.

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