Londrinenses não sabem se devem comparecer na prova do próximo domingo ou aguardar nova data: “Me senti totalmente humilhada”, diz uma delas
Cecília França
Foto em destaque: Emanuele no dia da prova/Arquivo Pessoal
As irmãs Emanuele, 20, e Ana Paula Alves Morais, 18, foram retiradas do local onde realizariam a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no último domingo, em Londrina, após lotação de 50% da capacidade da sala. Elas não foram as únicas e denúncias desse tipo surgiram em diversos locais do país. Após registro da ocorrência no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), organizador da prova, Emanuele diz não saber como proceder em relação à segunda etapa da prova, que acontece no próximo domingo (24).
“Não deram assistência nenhuma, não deram comprovante de que comparecemos, não disseram se temos que ir no domingo”, relata a estudante. De acordo com ela, as duas chegaram ao local de prova, em uma faculdade na zona Sul, por volta das 12h30. Ao constatarem que não havia água no prédio (medida de segurança em decorrência da pandemia), saíram para comprar.
“Já achei um absurdo, porque eu não fui informada que não teria bebedouro. Tinha meia garrafinha para uma prova de 5 horas. Conseguimos sair, voltamos devia ser 12h45 e entramos de novo na fila da sala. Tinha duas pessoas na frente, a primeira entrou, a segunda não. E aí eles falaram ‘Vocês têm que acompanhar ela. Lotou.’”, conta Emanuele.
As estudantes tentaram gravar a cena, quando foram levadas, junto com outros estudantes, para um auditório, mas afirmam ter sido repreendidas pelos fiscais. “Eu comecei a chorar desesperada, porque já estava super ansiosa e era uma prova que eu tinha estudado muito, me preparado muito“, diz a estudante, que pretende cursar medicina.

Agora, as duas não sabem se devem comparecer no próximo domingo, quando serão aplicadas as provas de ciências da natureza e matemática. “Eu não faço a mínima ideia, mas acredito que eu vá, pra ver como vão ser as coisas e não correr o risco de perder a chance da outra prova”, diz Emanuele.
Orientação
Em publicação no blog do Curso Prime, de Londrina, o advogado Rafael Carvalho faz exatamente esta recomendação: quem não pegou comprovante do conparecimento no local de prova deve fazê-lo no próximo domingo.
Carvalho orienta, ainda, que, no caso de não conseguir remarcar a prova, uma solução é impetrar um mandado de segurança obrigando a União a fazê-la. Ao mesmo tempo, candidatos que se sentirem prejudicados têm direito a pleitear uma indenização contra o Estado por dano moral.
Inep
O edital do Enem trazia várias recomendações de segurança para a realização da prova durante a pandemia, uma delas, a lotação máxima de 50% das salas. O risco de permanecer em um ambiente fechado por mais de 5 horas levou a vários pedidos de adiamento, todos negados pela Justiça. Uma fiscal que aplicou a prova em Cambé relatou à Lume que no treinamento online a orientação era manter distanciamento de 2 metros entre as carteiras; já no dia da aplicação, a orientação mudou para 1 metro.
Em resposta ao questionamento da reportagem, o Inep informou que “O participante que se sentiu prejudicado, por qualquer motivo, deverá relatar o ocorrido. O Inep receberá os pedidos por reaplicação entre 25 e 29 de janeiro, pela Página do Participante do Enem. A reaplicação do Enem, prevista em edital, será nos dias 23 e 24 de fevereiro, mesma data e com a mesma prova aplicada para pessoas privadas de liberdade, o chamado Enem PPL“.
O link para registro de reclamações é o enem.inep.gov.br/participante
Apesar das denúncias de lotação, a edição 2020 do Enem teve abstenção recorde de 52% no Paraná e 51,5% no país.
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