Recém criado, coletivo levanta bandeiras históricas do movimento, como saúde e empregabilidade; programação tem início nesta segunda (25)

Cecília França

Foto em destaque: Linaê Melo e Oliver Fernandes no evento da Ação Antifascisfa, em Londrina

A Frente Trans de Londrina nasce em pleno mês da visibilidade trans para lutar contra a invisibilização que fere e mata pessoas transexuais em todo o País. Amanhã (25) o coletivo abre uma semana de programação com atos artísticos e intervenções urbanas, fechando com o ato Keron Ravach, menina trans de 13 anos assassinada em Camocim (CE), no dia 3 de janeiro. Um crime símbolo da violência sofrida cotidianamente por mulheres e meninas trans e travestis.

Inicialmente o coletivo se organizou para um ato no mês da visibilidade, impulsionado pelo assassinato de Keron. Na organização, levantaram todas as necessidades da população trans, como o acesso pleno à educação, à saúde e ao mercado de trabalho. De forma organizada eles acreditam ter mais força para pressionar por políticas públicas que amenizem essas carências, uma vez que políticos eleitos e pessoas em cargos públicos não representam grande parte da população.

“A gente entra de novo na questão da invisibilização. Em Londrina, por exemplo, a gente não teve nenhuma pessoa trans que assumiu algum cargo, e isso é muito triste. Apesar de que em todo o Brasil nós tivemos aumento de 70% no número de pessoas trans ocupando cadeiras nas câmaras de vereadores e isso é muito importante e marcante, muda a história. Mas ainda gente está engatinhando”, destaca Oliver Letícia Fernandes, integrante da Frente.

Oliver, Raffaela Rocha e Linaê Melo seguram faixa da Frente Trans em evento no último sábado. Foto: Isaac Fontana

Empregabilidade e acesso à saúde estão entre as pautas mais urgentes do movimento. “Necessário que a partir desse coletivo a gente pressione não apenas as políticas públicas mas também as privadas. A gente tem em Londrina privadas de grande porte, são empresas que poderiam ceder um percentual de vagas para pessoas trans”, explica Oliver.

A dificuldade de acesso de mulheres trans ao mercado de trabalho, especialmente, é extremamente difícil, fazendo com que muitas fiquem limitadas ao mercado do sexo. Assista abaixo ao discurso de Raffaela Rocha no evento da Ação Antifascista, no último sábado (23), em Londrina:

AMBULATÓRIO

Trazer um ambulatório trans para Londrina é outra pauta urgente da Frente. Durante muitos anos este público, estimado em 200 pessoas, contou com atendimento gratuito de uma médica voluntária. No entanto, esse trabalho se encerrou e o coletivo reivindica um ambulatório fixo, nos moldes do Centro de Pesquisa e Atendimento a Travestis e Transexuais (CPATT), de Curitiba.

“Em Londrina nós temos uma demanda de mais de 200 pessoas que fazem hormonioterapia, então é mais que necessário que seja montado para a gente um ambulatório. Às vezes a gente vai em um atendimento nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e não tem nosso prenome respeitado, as pessoas não sabem muito bem como atender a gente, como aplicar o hormônio”, relata Oliver.

A luta da Frente Trans revive a de outros ativistas que abriram caminhos em Londrina, como Christiane Lemes, Melissa Campus e Enzo Lopes. Christiane e Enzo dão nome ao sarau de abertura da Semana Cultural e Política ao Mês da Visibilidade Trans. Confira a programação completa abaixo.

SEMANA CULTURAL E POLÍTICA AO MÊS DA VISIBILIDADE TRANS

25/01: Abertura – Sarau Christiane Lemes e Enzo Lopes
Às 20h pelo instagram @slamvozdasminaspr

26 a 29/01: Intervenções locais
Sempre a partir das 9h30

Dia 26: Zona Norte
Dia 27: Zona Leste
Dia 28: Zona Oeste
Dia 29: Zona Sul e também às 15h15 performance em frente às lojas Pernambucanas

31/01: Ato Keron Ravach
Às 13h30 com intervenções artísticas no Zerão

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