Emerson Henrique de Souza asfixiou e abandonou a ex-companheira em uma estrada rural, em 2019; julgamento terá protesto às portas do Fórum

Cecília França

Na próxima quinta-feira (04), às 9h, vai a júri popular Emerson Henrique de Souza, acusado de tentativa de feminicídio contra Cidnéia Aparecida Mariano da Costa, sua ex-companheira. O crime aconteceu em abril de 2019, quando, após asfixiá-la, ele a abandonou em uma estrada rural. Néia, como é conhecida pelos familiares e amigos, ficou tetraplégica em decorrência da asfixia e necessita de cuidados 24 horas.

No dia do crime, a vítima, então com 33 anos, foi encontrada por uma mulher que passava pela estrada e chamou socorro. Foram dois meses de internação, muitas sequelas, e Néia segue sem conseguir andar e falar. “As melhoras que ela teve são respirar autonomamente, sem a traqueostomia, o que facilita muito o cuidado dela; a outra mudança foi ela ter retomado a alimentação via oral, melhora muito a qualidade de vida, porque ela sente os sabores, as texturas”, relata uma das irmãs, Silvana Mariano.

A família se reveza nos cuidados com Néia. Atualmente ela vive na casa da mãe e é cuidada por uma cunhada. “Já passamos por diversos arranjos, porque o encargo é enorme”, diz Silvana. Sobre a reação da mãe à situação da filha, ela responde: “Minha mãe é uma pessoa muito forte, mas um impacto desse acho que ninguém está preparado para enfrentar”.

Néia era auxiliar de cozinha e tem quatro filhos, à época com 17, 12, 6 e 4 anos. Silvana ressalta o impacto do crime sobre toda a família. “Esperamos que a resposta da justiça seja à altura da gravidade das lesões que a Néia sofreu e de todos os danos e impactos produzidos entre as vítimas indiretas – as filhas e o filho, as pessoas ao redor. Esperamos que seja reconhecida a tentativa de feminicídio e que sejam acolhidas a acusação de todas as agravantes que estão na acusação: o feminicídio, o meio cruel, o motivo torpe”, aguarda.

A Frente Feminista de Londrina prepara uma manifestação para o dia do júri na porta do Fórum. A concentração está marcada para 8h30 e o julgamento começa às 9h.

Defesa

A defesa de Emerson Henrique diz que não pedirá absolvição, mas pretende refutar a tese de tentativa de feminicídio. “A nossa alegação é de que o crime não aconteceu conforme descrito na denúncia. Há um crime, mas vamos tentar demonstrar que não houve uma tentativa de feminicídio, mas uma lesão corporal gravíssima”, diz a advogada do réu, Nayara Andrade Vieira.

Desclassificando o crime há uma redução da pena, prevista entre 2 e 8 anos para lesão corporal gravíssima. O crime de feminicídio prevê de 12 a 30 anos de reclusão, enquanto que em casos de tentativa o tempo é reduzido pela metade.

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