Por Antonio Rodríguez*
Eu vejo seus pés
Tocando o chão
Enquanto caminhas.
Não flutuas
Tal qual uma deusa.
O tempo não para
Quando eu te vejo
A Terra continua rodando
Os ponteiros do relógio
Continuam girando.
Eu não vi o universo
No seu olhar
Eu vi uma pupila
Uma íris e uma córnea
Nada de profundo
Apenas um olhar.
Seus cabelos
Não são um mar revolto
Nem a maré calma
Bonitos, talvez
Mas apenas cabelos.
Você não é uma escultura
É um ser humano
Normal, comum e falho.
Eu não delirei
Quando senti o seu toque
Atomicamente falando
Não passou de uma corrente
Uma corrente elétrica entre átomos.
Eu não me sinto morto
Nem tenho um buraco no peito
Quando você não está
Eu sinto sua falta?
Um pouco eu admito
Mas eu vivo normalmente.
Quando nossas bocas se tocaram
Não houve um alinhamento dos astros
Nem um evento surreal
Foi apenas um beijo
Mais um entre tantos no mundo.
Mesmo assim
Eu te amo
Jurei-te amor eterno
E nada disso importa
Porque somos uma alma só
Dividida em dois corpos.
Porque tudo tem que ser perfeito? Irreal, incrível e inatingível. Padrões que nunca serão verdadeiramente realizáveis, afinal, somos humanos amando um ao outro e não Deuses invadindo a privacidade de mortais a dando a eles (ainda que a contragosto) lampejos de prazer divino. Podemos só amar? Simplesmente amar, como dois cidadãos comuns cuidando de suas próprias vidas sem se preocupar demais com quaisquer padrões a serem cumpridos. Assim, todo dia fica surrealmente cotidiano, mas amar ainda seria surrealmente bom.
Perdoem o colunista, que eles está divagando.
*Antonio Rodríguez, 17, estudante e poeta nas horas vagas (e algumas ocupadas também). Apaixonado pela vida, faz o máximo para transformar tudo em poesia. Mantém o Instagram @a.poetizando.me
Como eu amo seus poemas, Antonio.
São magníficos e nunca me canso de lê-los. ♥️