Pesquisa do Nupea mostra que grupo básico de alimentos custa R$ 506; para uma família de quatro pessoas, passa dos R$ 1.500
Cecília França
A cesta básica de alimentos* para uma pessoa está custando R$ 506,01 em Londrina neste mês de janeiro. Para uma família de quatro pessoas o preço do grupo básico de alimentos é de R$ 1.518,03, valor 38% mais alto que o salário mínimo, atualmente fixado em R$ 1.100. Os valores representam um leve aumento em relação a dezembro (0,2%), quando o preço da cesta ultrapassou, pela primeira vez, os R$ 500. O aumento acumulado ao longo de 2020 foi de 27%.
Em janeiro, o aumento de 5,4% no preço da carne foi o responsável pela quase estabilidade da cesta em relação a dezembro. O economista do Núcleo de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Nupea), responsável pela pesquisa, Marcos Rambalducci, explica que existe uma tendência de que o preço da carne seja mais baixo em janeiro, em razão da demanda maior provocada pelas festas de final de ano, que cessa no primeiro mês do ano. Este comportamento, porém, mudou por causa do câmbio.
“Este comportamento não se verificou este ano em função do aumento nos custos de produção provocados pela desvalorização do real frente ao dólar, lembrando que uma parcela muito significativa de insumos para o gado são importados”, detalha. “A medida que os estoques dos insumos vão acabando, a reposição vai se tornando mais custosa”.
Além da carne, a margarina apresentou aumento, de 2,8%, em janeiro. Apresentaram redução outros quatro itens: óleo de soja (- 2,2%), leite (- 4%), batata (- 4,4%) e tomate (- 13%). Açúcar, feijão, pão, banana, farinha, café e arroz mantiveram-se estáveis. Confira os maiores e menores preços por produto.

Ano passado
Em 2020 o arroz foi iconizado como o item de maior encarecimento. No entanto, ele foi apenas o terceiro, atrás da batata e do óleo de soja. Porém, a soma desses três itens representa apenas 9% da cesta básica, enquanto a carne representa mais de 40%. Por isso, no ano passado, o aumento da carne foi mais impactante.
“Na comparação de janeiro a dezembro de 2020 o trabalhador assalariado perdeu R$ 25 em função dessa inflação do arroz, batata e óleo, e na carne ele perdeu R$ 50. Então, o prejuízo que ele obteve no seu potencial de compra foi muito maior em função do aumento da carne”, sintetiza Rambalducci.
*A cesta básica pesquisada pelo Nupea é a determinada por um decreto de 1938, ainda em vigor, que regulamentou o salário mínimo e a “ração básica” para a sobrevivência mensal de um trabalhador. A carne é sempre o coxão mole, podendo ser a peça ou a fatia, dependendo da que estiver mais barata.
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