Por Antonio Rodríguez*
De Janeiro a Março
Seríamos alienados
Almas em busca de diversão
Sem se preocupar
Com nosso país em erosão.
Política? Não sei.
Pandemia? Esqueci.
Bolsonaro?
Acho que todos nos regozijávamos
Sobre a ideia de não pensar nele.
Mas alguém pensou
Que isolar os isolados
Os transformaria em ilhas?
Cercados de seu próprio mar
De lágrimas, desgostos ou frustrações acumuladas?
Porque tivemos vitórias
É inegável
Mas é impossível não ver que enlouquecemos
E se todos enlouquecermos juntos?
Anormal será aquele que não enlouquecer
E normais serão os loucos.
Loucos solitários
Isolados em sua janela de melancolia
Observando o passado tristemente
Buscando o que não volta mais.
Loucos insanos
Que prezam tanto por sua saúde
Inerentemente vinculada
A x pessoas “esquecidas” da pandemia
Vivendo a vida em custa da morte.
Loucos obcecados
Buscando sua sanidade
Em alguma louca ideia a ser realizada
Ou apenas planejada
E trocam-na mais rápido do que trocam de roupa.
E eu poderia citar mil outros loucos
Só nesta semana conheci uns 10
E nem sai da minha cabeça.
O louco solitário que habita em mim
Não ousa pensar em conhecer outros loucos.
Então o que seriam
20 loucos juntos
Mentalmente afastados
Sem nem lembrar o que é conviver
Será que a normalidade
Depois de tanta anormalidade
Não é assustadora?
Que atire a primeira pedra quem não enlouqueceu na pandemia. E se atirar sabemos que és um hipócrita, pois todos enlouquecemos. Em maior ou menor grau, mas não somos tão normais quantos nos julgávamos no longínquo março de 2020. Ou será que esse estado de loucura latente esconde a falsa normalidade à qual nos adequamos ao longo dos tempos para convencer-nos de que aguentar aquele vizinho inconveniente com comentários inadequados era em prol de uma sociedade benéfica para todos. Talvez este seja apenas o Louco pensador que habita em mim divagando além do necessário em busca da sonhada alienação que procurávamos, ou apenas o meu estado consciente de normalidade ansiando pela dominação de algum dos loucos muito em breve, antes que até minha mente sã enlouqueça. E aí, quantos loucos você conheceu ontem?
*Antonio Rodríguez, 17, estudante e poeta nas horas vagas (e algumas ocupadas também). Apaixonado pela vida, faz o máximo para transformar tudo em poesia. Mantém o Instagram @a.poetizando.me
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