Por Régis Moreira*
Carnaval de quarentena
Carnavalizar as existências
Travestir de alegria e afetos
Paralelepípedos em samba
Encontros em blocos
Brilhos, fantasias
Vagantes extras
Extravagantes
Pelas ruas da cidade em glitter
Palhaços e bailarinas
Super homens, mulheres, não binários todes
A candura do Unidos do Candinho
A gentileza do Loucura Suburbana
Blocos das Quengas
Do Bafo Quente
Da Elke
A bunda tremilica no compasso
Da banda de Ipanema
A dança como norma dos corpos
Explode Coração
Ilú Obá de Min
Exu, Maria Padilha e Zé Pilintra
Licença pra “botar meu bloco na rua
Brincar, botar pra gemer”
Tarado Ni Você
Loucuras permitidas
No energizar dos sonhos
Adrenalizar, escandalizar
Meu sorriso no seu
Nosso permitir
Vir a ser aquilo que quiser
No charme do Charanga do França
Minhoqueens fecundam o chão
Fogo e Paixão
Onde Simpatia é Quase Amor
Dos Filhos de Gandhi
Sabedorias…
Dos Acadêmicos do Baixo Augusta
Clovis e clowns
Mangueiras, Salgueiros e Portelas
Os loucos pela X
Rosas de Ouro
Nos jardins da avenida
Apoteoses!
Pelos nossos ancestrais
As bandeiras giram
Flutuam estandartes
Marchas e enredos
Sambas e frevos
Afoxés e axés
Brilhos e maracatus
Lantejoulas e plumas
Fitas e cores
Concentrar para dispersar
Despertar brincante
Para sermos outres
Tornar-me mágico, anjo e demônio
Zé do Caixão
Fred Flinstones…
Carmem Miranda passou
Abraçada com o Chaplin
Vi Maria Bethânia
Sambando com o pirata
Sassaricando
Passei pelo Rei Momo
Folia entre confetes e serpentinas
Dancei com as crianças
Pelo poder do colar de contas
O catador me indagou o seu destino
O atelier
A quadra
Os foliões
A saída
Esse ano o cavaco silenciou-se
Tamborins calaram-se
Fantasias guardadas
Sem encontros
Sem blocos
Monobloco
Sem aglomerações
Esse ano o carnaval tem gosto de quietude
Recolhimento
O sonho da cura
Vacinas contra os males
Pandeiros surdos
Choram num canto
Cuícas lamentam
O pierrot chora
E já não é pelo amor da colombina
E nem no meio da multidão
Mas meu coração esperança
De próximas folias
Que brotem dos retalhos de cetim
Outras máscaras
Outros bailes
Outros infindáveis respiros!
Deixe uma resposta