Cidade também vai receber seminário sobre o Programa Moradia Primeiro, uma iniciativa inédita no país de superação da situação de rua
Cecília França
Foto em destaque: Dia Nacional de Luta da População de Rua em Londrina/Bruno Mazzoni
Londrina deve ser a sede do encontro da regional Sul do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR), a ser realizado entre maio e junho deste ano. A informação é do coordenador nacional do movimento, Leonildo Monteiro, que esteve na cidade na última semana. O evento deve ocorrer em paralelo com o Seminário Moradia Primeiro, outra iniciativa do MNPR. O programa já vem sendo executado em modo piloto em Curitiba, com bons resultados, e será ampliado ao longo do ano com recursos da Secretaria de Estado da Justiça (Sejuf).
“Os resultados têm sido positivos, as pessoas que entraram nunca pediram para sair. É uma política de acolhimento mesmo, para a pessoa sentir que está dentro da casa dela – diferente das políticas assistenciais, nós não temos prazo para que ela saia”, explica Monteiro. O programa Moradia Primeiro vem sendo difundido pelo Instituto Nacional dos Direitos Humanos da População de Rua (InRua), criado pelo MNPR. O coordenador do movimento destaca que o Paraná é o primeiro Estado do país a receber recursos para o programa.
De acordo com informações da Sejuf, serão destinados R$ 820.695,64 este ano por meio do Departamento de Direitos Fundamentais e Cidadania, em parceria com o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. O “Housing First” tem apresentado resultados positivos em outros países do mundo onde foi implementado, como Canadá, Espanha, Portugal e Alemanha.

Avaliação
Durante a visita a Londrina, Monteiro visitou acolhimentos institucionais e, em conjunto com equipes da Secretaria Municipal de Assistência Social, ouviu da população em situação de rua suas demandas e expectativas. Ele comemora conquistas recentes do movimento, como a casa abrigo para moradores de rua com suspeita ou confirmação de covid-19.
“Sempre que eu venho buscar melhorias para a população de rua, para ter um diálogo seja com a sociedade civil, seja com o poder público, para que a gente possa estar tirando do papel as políticas públicas”, diz o coordenador. Em reunião com acolhidos no MMA, porta de entrada do serviço de acolhimento, Monteiro diz ter ouvido que “eles querem voltar a trabalhar, querem oportunidades”.
O coordenador local do MNPR, Leonardo Aparecido Gomes, acompanhou Monteiro nas visitas. Ele diz que a presença do coordenador nacional fortalece o movimento e elogia o programa de moradia, que, segundo ele, deve vir acompanhado de outras políticas. “O morador de rua não vai ficar tempo todo dentro de um abrigo, abrigo não é moradia. Ele fica ali dois, três meses e quer sair com uma porta de saída para emprego, para estudo”, garante.
Gomes e Monteiro falam com a propriedade de quem superou a situação de rua. Para o coordenador nacional, as diversas secretarias precisam trabalhar integradas na busca por soluções efetivas. “A gente sabe que a assistência é a porta de entrada, mas só ela é enxugar gelo, as outras precisam funcionar. A gente veio para cá não só dialogar com a assistência, mas ver questões de geração de renda, produção, não só no mercado de trabalho registrado, mas também pensar na inclusão dessas pessoas na geração de renda, até porque muitas não têm condições de ficar 8 horas dentro de um espaço”, finaliza.
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