Por Antonio Rodríguez*
Vão chorar até quando?
Vão roubar até quando?
Vão morrer até quando?
Vão ignorar até quando?
Vão fraudar até quando?
Vão bostejar até quando?
Até quando leitos vão faltar?
Até quando corpos vão cair?
Até quando famílias vão chorar?
Até quando presidentes vão calar?
Até quando palavras vão escrever?
Até quando pessoas vão protestar?
É sério
Palavras bonitas de amor
E muitas menos de dor se acumulam
Em minha garganta
Ela sangra de dor
E as palavras saem doloridas
Não aguento mais gritar.
Não aguento mais gritar em palavras
Escrever em linhas sangrentas
Em papéis que pingam sangue
E mãos vermelhas de sangue alheio
Enquanto o meu vai ficando branco
Pois eu morro por dentro.
Desgraças se empilham na minha frente
Enquanto eles contam notas
E minhas notas são lidas
1910 notas de óbito
E não foram nem 24 horas direito
Eu preciso descansar do pesadelo
Mas ele me acorda quando eu sonho
Pesadelos e pesadelos
Acordados são péssimos
Dormindo são piores
Haverá descanso?
Não que eu não goste de protesto
Não quero um mundo perfeito
Mas não pedi o inferno
E nem o cosplay de demônio
Que causa inveja no original.
São tantos mortos
Que cada palavra tem seu dono
E herdeiros em atestados de óbito
E esses herdeiros tem herdeiros
E o coveiro tem trabalho infinito
Enquanto o Brasil chega no fim
E torcíamos para o fim da pandemia
Ela parece ter só parado no pitstop
E as pessoas na rua comemoraram a vitória.
Os fins justificam os meios
Mas os meios não têm fim
E o meio mata tanto que não existe fim
O fim é game over
E não existe reset da vida real.
Apenas isso, não existem palavras. Não existe nada mais a ser dito. O ódio sangra minha garganta e escorre pelos dedos enquanto eu tento escrever sem derramar mais uma lágrima por cada pessoa morta.
Valas cheias decoram o país tropical, comandado pelo diabo e destruindo a natureza, com mais de 100 países nos recusando a entrada os falsos ricos não podem nem sonhar em fugir, estão condenados ao mesmo inferno a que condenaram os seus subalternos que estão na mesma classe.
Choremos.
Choremos irmãos.
*Antonio Rodríguez, 18, estudante e poeta nas horas vagas (e algumas ocupadas também). Apaixonado pela vida, faz o máximo para transformar tudo em poesia. Mantém o Instagram @a.poetizando.me
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