Criado em 31 de março de 2020, Projeto Safety abrange vários temas e pesquisas tendo como pano de fundo o enfrentamento ao novo coronavírus

Vinícius Fonseca
(matéria publicada originalmente no site do Sindijor Norte PR)

Um cenário de incertezas sobre como agir ante um inimigo invisível, letal e ainda desconhecido. A combinação desses fatores, somada à suspensão da aulas em razão da pandemia, levou um grupo de professores e alunos da Universidade Estadual de Londrina (UEL) a criar o Projeto Safety, há exatamente um ano. Inicialmente, o projeto era formado por 12 pessoas, entre graduandos e pós-graduandos e duas professoras de cursos ligados à área de saúde.

“Assim como hoje, havia muita dúvida do que fazer e como fazer (com relação ao enfrentamento ao novo coronavírus), A Organização Mundial da Saúde (OMS), o Governo do Estado e de Londrina, publicavam coisas, às vezes documentos que não conversavam entre si”, lembra Marselle Nobre de Carvalho, coordenadora do Safety. “O projeto começou tratando especificamente da síntese das melhores evidências científicas até então, sobre recomendações para a comunidade geral e para os profissionais de saúde”, completa.

Hoje o projeto atua em diversas frentes, sendo dividido em diferentes grupos de trabalho por áreas de atuação, como por exemplo, o de medidas não farmacológicas, que abrange temas como isolamento, quarentena e lockdown, até o uso de máscara pela comunidade. Há ainda um grupo de medidas farmacológicas que pesquisa sobre possíveis tratamentos, o desenvolvimento e o uso de vacinas.

Engana-se, porém, quem acredita que o grupo se restringe aos temas relacionados à saúde na pandemia. No Safety são discutidos também parâmetros jurídicos acerca do que está acontecendo no mundo, bem como o que é permitido ou não por lei, análises de decretos, portarias e outros acompanhamentos com relação às leis que são feitas a partir das demandas oriundas da pandemia.

Há ainda um grupo de gestão de mídias, que além de cuidar das páginas do próprio projeto também analisa sob a perspectiva da cobertura feita pelos veículos de comunicação, o período pandêmico. Além de um grupo voltado exclusivamente às discussões de violência contra a mulher, crime que, segundo a professora, tem se intensificado neste momento.

Para Marselle, a variedade temática abraçada pelo projeto surgiu a partir das demandas identificadas durante a pandemia. “A pandemia traz à tona muitos temas ignorados, invisibilizados e dentro da própria pandemia, pouco discutidos e pouco refletidos”. A coordenadora destaca que as ações promovidas pelos grupos de pesquisa lançam luz sobre as desigualdades locais, regionais e mundiais, onde países em desenvolvimento ficam a mercê das grandes potências econômicas na corrida pelas vacinas e tratamentos entre outras questões.

“Além disso, reforça a importância da ciência para o progresso da sociedade”, afirma. “Infelizmente trouxe luz para o tema, mas não a necessária importância, principalmente no Brasil quando você vê que houve aumento nos investimentos na área de ciência, tecnologia e inovação”, lamenta.

Balanço

Para a coordenadora, o balanço do primeiro ano de Safety é extremamente positivo. Ela lembra que o projeto saltou de 12 para 80 membros em um determinado momento do ano passado, além disso, tem aumentado o seu alcance e relevância nas redes sociais e já foram produzidas 27 lives sobre os mais variados assuntos relacionados à saúde e bem-estar no contexto da pandemia e 30 boletins informativos semanais.

“Hoje o projeto alcança pessoas da área da saúde, da área de gestão, é usado também como fonte na academia. O balanço é extremamente positivo para um projeto que começou despretensioso”, comemora.

Se o projeto começa a colher bons frutos, a professora lamenta que o mesmo não se possa dizer do cenário e da perspectiva para a pandemia em um futuro próximo. “A gente fecha o ano com a esperança da vacina, mas não consegue efetivamente, em boa parte do mundo, fazer um calendário vacinal que seja efetivo e [no Brasil] começamos 2021 com um plano de vacinação muito confuso e ainda estamos muito longe de atingir metas de vacinação”.

Apesar do cenário pouco promissor para o País em um futuro próximo, a ideia é que o Safety continue em sua missão de popularização da ciência e possa alcançar cada vez mais pessoas. “Ainda usamos muito da internet e nem todos têm acesso. Esperamos alcançar outras mídias e chegar a mais pessoas. O Safety nasceu da ideia de popularização da ciência”, planeja.

Serviço

Os conteúdos relacionados ao Safety podem ser acessados por meio do endereço eletrônico https://sites.google.com/view/projetosafety

Nesta quarta (31) o grupo promove uma live alusiva ao 1° ano de atividade no canal do projeto no Youtube.

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