Por Antonio Rodríguez*
Nossos cabelos são coroas
Nascidas de nosso sangue real
Que corre nas veias da África
Que são as nossas veias.
É fácil falar isso
Encarar nossos crespos no espelho
Amar-se e amá-los
Dedicar a atravessar o garfo entre os fios
E ver o poder crescendo
Junto com o volume que nos encanta.
É difícil encarar seu peso
Carregado nas costas por ódio branco
Não basta roubar nossa realeza
Nos roubam de ostentar nosso orgulho.
Alisamos os nossos crespos
E ficamos lisos de tanto dinheiro gasto com químicas.
Nosso cabelo foi sinônimo de sujeira
Porque invejavam as milhões de possibilidades
Residentes dentro de nossos cachos.
E ainda hoje ouvimos e somos piadas
Quando não somos atacados
Nossos crespos violados
Em covardes atentados ao nosso templo.
E quando crianças choramos
Com migalhas de representatividade
Nossos crespos em evidência
Dominando o mundo de novo.
É difícil encarar nossos cabelos crespos todo dia e saber que eles são odiados.
É difícil tentar parecer bonitos para nós mesmos e saber que ao cruzar a porta alguém destruirá essa autoestima recém construída.
É difícil resistir à tentação de se podar para “ser mais fácil”.
Mas a África que corre em nossos sangues é ancestralidade, e minha vó depois de se recusar a fazer a cirurgia de correção de miopia por anos a fio, aceitou quando eu nasci.
Por que?
Porque ela queria poder ver meus cachitos.
RESPEITEM MEUS CABELOS, BRANCOS!
*Antonio Rodríguez, 18, estudante e poeta nas horas vagas (e algumas ocupadas também). Apaixonado pela vida, faz o máximo para transformar tudo em poesia. Mantém o Instagram @a.poetizando.me
Deixe uma resposta