Organização, cujo nome homenageia uma sobrevivente de feminicídio, busca monitorar e prevenir a forma mais vil de violência contra mulheres
Cecília França
A mobilização de um grupo de mulheres por justiça para Cidnéia Aparecido Mariano da Costa, vítima de feminicídio tentado em Londrina, repercutiu por toda a sociedade em janeiro deste ano e se tornou semente para a criação do Néias – Observatório de Feminicídios Londrina, lançado hoje. Por meio de site próprio, redes sociais e ações de mobilização, o observatório pretende sistematizar, analisar e dar visibilidade a dados sobre feminicídios ocorridos no município, produzindo conhecimentos que subsidiem estratégias de monitoramento e de prevenção da violência feminicida. Também será feito um acompanhamento de processos e audiências judiciais e a publicização do fluxo de atendimento para as mulheres e familiares atingidos por práticas de violência feminicida.
O caso de Cidnéia, conhecida como Néia, teve desfecho em fevereiro deste ano, quando seu agressor foi condenado a mais de 20 anos de prisão pela tentativa de feminicídio cometida em abril de 2019. Néia ficou tetraplégica em decorrência da asfixia e necessita de cuidados em tempo integral. Levantamento prévio realizado pela equipe do observatório mostra que casos semelhantes não são, infelizmente, raros na cidade. Mulheres são mortas e agredidas dentro de suas casas ou em vias públicas, comumente por companheiros ou ex companheiros, devido, exclusivamente, ao fato de serem mulheres.
“Entre as ações do Observatório está o nosso compromisso em produzir regularmente informes com dados básicos sobre processos criminais, com o intuito de gerar informação qualificada para a sociedade e para veículos de imprensa interessados em cobrir os casos”, destaca o grupo. A ideia é incentivar que casos de feminicídio sejam evidenciados como parte da memória da cidade e ainda, ressaltar a urgência da consolidação de práticas de controle social e de articulação da rede intersetorial para o atendimento público desses casos.
O Informe nº 1 já disponível no site e apresenta o caso de tentativa de feminicídio contra Edneia Francisca de Paula, auxiliar de serviços gerais estrangulada pelo ex-marido, João Aparecido Miranda, quando saía do trabalho, em setembro de 2019. “Este primeiro número é publicado enquanto o Brasil vive o aprofundamento das tragédias sanitária, econômica, política e social agravadas pela pandemia de Covid-19 que potencializa outra pandemia, a da violência contra as mulheres”, ressalta o grupo.
“Nesse momento, tornam-se ainda mais urgentes ações do Estado para prevenir, responder e remediar fatos de violência e de discriminação contra as mulheres”, acrescenta.
Ao dar visibilidade aos processos e dar voz às mulheres que foram caladas simbolicamente ou literalmente por homens feminicidas, o Observatório busca contribuir para a construção de uma sociedade melhor, onde mulheres não precisem requisitar, diuturnamente, o reconhecimento de sua dignidade humana e direitos fundamentais.
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