Por Antônio Rodríguez*

Somos Faixas de Gaza sem mísseis
Sem domo de ouro para nos proteger
Da nossa própria invasão interna
Quem nunca pensou em desistir
Se consumir em uma coluna de fogo
Quando pegamos o jornal pela manhã?

Tínhamos que ser um camisa 10 depois do gol
Mas somos o camisa 11 do 7×1
Cansados, derrotados
Exauridos em um segundo de esforço final
Todo dia dizendo que não aguenta mais
E acordando no dia seguinte
Agradecendo por aguentar mais.

Desperdiçando palavras rudes
Com quem não as merece
Tudo e todas as coisas são inimigas

Nem seu próprio eu parece certo.

Cascas inconsistentes
Máscaras que caem
Enquanto outras nos sufocam
E já devíamos estar livres das duas.

Uma coisa é certa
Ninguém (literalmente) aguenta mais
Mas a gente suporta
Nos chamem de Atlas
E dividam a Terra em 7.8 Bilhões de pedaços
Que cada um carregue o seu
E mais alguns fardos que pegamos pelo caminho.

Apenas siga caminhando
Eternamente até cair
Infinitamente até seu corpo repousar.

Afinal
O que são 400 mil mortes?
Um país colapsado?
Um cargo presidencial a venda no Mercado Livre da TV Senado?
O sistema mantem as engrenagens rodando
E estilo Chaplin, ou você corre, ou será esmagado.

Por isso seguimos
Apoiados no quê?
Na esperança
Ou na falta dela
Que ultimamente é a mesma coisa.

Sinceramente, eu não aguento mais!
Mas é injusto dizer que só eu não aguento, nenhum de nós aguenta mais. Saber ler nos cobra um preço diário, por isso, como descanso aos nossos olhos cansados, lhes ofereço um saudoso:
NÓS NÃO AGUENTAMOS MAIS!

*Antonio Rodríguez, 18, estudante e poeta nas horas vagas (e algumas ocupadas também). Apaixonado pela vida, faz o máximo para transformar tudo em poesia. Mantém o Instagram @a.poetizando.me

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