Mais um preto foi morto no tronco
Tronco
Espinha dorsal
De um Brasil cruel e mortal
Vil
A rima perfeita
De um país que te tem na mira do fuzil
A bala não te alcança
Na porrada eles te deitam
Em sono eterno a descansar
7 palmos abaixo da Terra.

Disseram que era 1500
Eu digo que é 2022
E o país que mais nos mata em um genocídio
Nos matou de novo.
Quem diria não é mesmo?
Cenas de morte
Como uma caçada
Sendo reprisadas sem fim
A violência desvelada
Frente aos nossos olhos
Sofrer uma vez só não é o bastante.

E o choro dos nossos
A dor desesperada
Que sangra enquanto se esvai entre os dentes
O grito desesperançoso
Fugi da morte para morrer também.

A morte
Caminha no meu ombro
E já nem pesa mais
Apenas me acompanha
Quando será o dia que ela há de me levar
Antes que eu volte para a casa?

Apenas mais uma morte dedicada ao limbo do esquecimento do genocídio em curso. Apenas mais um que não terá seus assassinos punidos. Apenas mais um.

*Antonio Rodríguez, estudante e poeta nas horas vagas (e algumas ocupadas também). Apaixonado pela vida, faz o máximo para transformar tudo em poesia. Mantém o Instagram @a.poetizando.me

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