Evento organizado pelos coletivos Black Divas e Black Empreendedorismo acontece neste domingo, das 10h às 18h, na Praça Central de Ibiporã
Mariana Guerin
Acontece neste domingo (13), das 10 às 18h, a 1 Feira Empreendedora da Mulher, que reunirá 65 participantes na Praça Central de Ibiporã. O evento é idealizado pelos coletivos Black Divas e Black Empreendedorismo e terá shows, desfiles, praça de alimentação e estandes de produtos feitos e comercializados por microempreendedoras locais, com itens que vão desde artesanatos diversos e até plantas.
Sandra Aguillera, uma das coordenadoras do evento, lembra que a ideia da feira surgiu em 2017, quando o Black Divas percebeu, nas idas e vindas nas comunidades atendidas pelo coletivo desde 2003, a necessidade de reunir e fortalecer mulheres. “A gente viu a necessidade de trabalhar a promoção das mulheres empreendedoras, já que muitas mulheres não conseguem trabalhar formalmente por conta da família, dos estudos.”
“Nós precisávamos trabalhar a geração de renda e o que que nós fizemos, num primeiro momento, foi um seminário – pioneiro em Londrina – e, depois, oficinas. Fizemos palestras e começamos a trabalhar o networking entre essas mulheres, trazendo aprendizado e experiências”, cita Sandra.
O envolvimento das mulheres foi tamanho que, em 2018, o coletivo organizou o Congresso Black Empreendedorismo, no qual todas as mulheres eram bem-vindas e acolhidas, independentemente de etnia e gênero.
“Naquele momento pensamos: você que é mulher, que é empreendedora, você quer expor o seu negócio, o seu serviço? Então vem para o nosso evento. E vieram muitas mulheres atendendo ao convite e foi muito bacana, porque ali elas comercializavam os seus produtos e captavam novos clientes”, recorda Sandra.
Segundo ela, durante o congresso, as participantes também puderam conhecer outras mulheres empreendedoras e ali ficou clara a possibilidade de fomentar o empreendedorismo feminino em Londrina e região.
Feira Empreendedora da Mulher promove o networking
No evento deste domingo participarão 65 mulheres que decidiram, em algum momento da vida, criar o próprio negócio. “Geralmente são mulheres de personalidade bastante marcante e confiantes e seguras. Algo que eu acho extremamente importante é a faixa etária, que está na média dos 33 anos”, descreve Sandra.
Conforme ela, a maioria das empreendedoras possui curso superior, muitas são casadas e algumas têm filhos e decidem empreender ou porque se tornou mãe ou porque resolveu mudar a trajetória profissional e pessoal para ter a sua própria hora de trabalho.
“Mulheres no empreendedorismo são importantes, principalmente para o empoderamento de gênero, que leva a uma independência financeira e fortalece o networking”, opina Sandra, para quem o empreendedorismo feminino ajuda ainda a renovar o cenário empresarial, além de impactar, positivamente, econômica e socialmente as comunidades onde essas mulheres estão inseridas.
Ela reforça que serão 65 estandes “organizados e bem elaborados” por mulheres que apoiam umas às outras. “Culturalmente não se incentiva o sexo feminino a assumir posições de liderança”, avalia a coordenadora.
Empreendedorismo feminino favorece a luta pela igualdade de gênero
Para ela, uma feira voltada para o público feminino, especialmente na nossa região, mostra a importância da luta pela igualdade de gênero. “Nós gostamos de ter voz. As mulheres foram conquistando espaço num mercado que era exclusivo para homens, começaram a se tornar independentes ano após ano e a reivindicar direitos.”
“Nós passamos a identificar modelos e momentos em que a gente pode interagir e contribuir para a sociedade. Eu acredito que a feira feminina vem trabalhar essa contribuição para a sociedade.”
Sandra reforça que o empreendedorismo feminino reduz as diferenças de oportunidades, favorece a diversidade de negócios e amplia a geração de empregos. “As mulheres investem e abrem cada vez mais portas para as próprias mulheres. Isso é importantíssimo, porque a gente sabe que o empreendedorismo aumenta a renda familiar.”
“As mulheres têm uma facilidade enorme em gerenciar e desenvolver competências comportamentais, que muitas vezes não são valorizadas no mercado, que hoje exige tanta flexibilidade. É importante colocar que a mulher está tocando seu próprio negócio e trabalhando também o próprio equilíbrio, o que é muito importante dentro das pressões e dificuldades que vive no dia a dia.”
Empreendedoras ainda ganham menos e lutam contra assédio
Entre as dificuldades enfrentadas pelas mulheres empreendedoras no Brasil está o fato delas ainda receberem menos que os homens. “Pesquisas apontam um rendimento mensal 22% menor do que o rendimento masculino”, compara Sandra, alertando para o preconceito e o assédio, ainda recorrentes. “A gente tem que, todos os dias, pontuar quem somos, a que viemos, porque essas coisas continuam acontecendo.”
Ela cita ainda a pouca participação de empresas parceiras nas feiras, o que garantiria uma rede de apoio às microempreendedoras, e a precariedade nas linhas de crédito para investimentos. Na feira deste domingo, Sandra comemora a participação de seis empresas de Londrina e duas de Ibiporã como apoiadoras.
“Não adianta só ter o Sebrae, tem que ter várias empresas que invistam nesse segmento, sejam parceiros, que trabalhem estratégias, para que o empreendedorismo feminino tenha melhores resultados na sua caminhada.”
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