Projeto de lei aguarda sanção presidencial. Nona edição da EndoMarcha, que acontece neste sábado, discute a necessidade de políticas públicas para a endometriose, que acomete uma em cada dez brasileiras
Da redação
Foto: Instragram @aendoeeu
No último dia 16 de março, brasileiras que sofrem de endometriose comemoraram a aprovação, pelo Senado Federal, do projeto de lei (PL) que institui o dia 13 de março como Dia Nacional de Luta contra Endometriose. O PL, que também propõe a criação da Semana Nacional de Luta contra a Endometriose, já havia sido aprovado pela Câmara dos Deputados em fevereiro de 2020 e agora aguarda a sanção do presidente Jair Bolsonaro.
O dia escolhido é em homenagem à primeira edição da EndoMarcha no Brasil e no mundo: 13 de março de 2014. O PL foi encabeçado pela deputada federal Daniela do Waguinho (MDB/RJ).
Em 2022, pela primeira vez Londrina comemorou o 13 de Março – Dia da Luta contra Endometriose e o Março Amarelo, duas leis criadas e aprovadas pela Câmara dos Vereadores e que agora integram o Calendário de Comemorações Oficiais do Município, graças à luta do coletivo EndoMulheres Londrina. No ano passado, a Rede Lume publicou matéria sobre a construção do Março Amarelo em Londrina, leia aqui. O município é um dos únicos no país a ter esse tipo de lei.
Como parte das atividades do Março Amarelo, acontece, no próximo sábado (26), das 9h às 11h, a nona edição da EndoMarcha – Marcha Mundial pela Conscientização da Endometriose, momento de reinvindicação de direitos, diagnóstico precoce e reconhecimento da endometriose como doença social.
A caminhada, comandada pelo EndoMarcha Time Brasil, será virtual, por conta das restrições impostas pela pandemia da covid-19, e acontece simultaneamente em todo o Brasil e em vários países. Londrina participa da EndoMarcha desde 2015 e, desde 2017, o evento local é realizado pelo EndoMulheres Londrina. Para participar do evento virtual, basta acessar o perfil no Instagram da jornalista Caroline Salazar, @endoeeu, capitã da EndoMarchaTimeBrasil.
Endometriose ainda é uma doença invisibilizada
Durante a marcha, mulheres de todos os cantos do país se reúnem para pedir a criação de políticas públicas para que o tratamento da doença seja ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ao menos nas capitais. A caminhada também dá visibilidade à doença e conscientiza mulheres, familiares, amigos e especialistas sobre a possibilidade de cura e tratamentos que promovam qualidade de vida às mulheres.
Hoje, a cirurgia de excisão/ressecção é a que mais apresenta chances de erradicar a endometriose, mas muitas capitais ainda não disponibilizam esse tratamento pelo SUS. Em Londrina, não se realiza a cirurgia há cinco anos e não há especialista no atendimento primário.
Apesar de pouco conhecida, a endometriose é uma doença muito comum, caracterizada pela presença de um tecido semelhante ao endométrio fora da cavidade uterina. Seus principais sintomas são cólicas menstruais fortes, inclusive fora do período menstrual, dor durante e após as relações sexuais, fadiga e cansaço extremo, inchaço abdominal, dor e/ou sangue nas fezes e na urina, infertilidade e dificuldade de gestação, entre outros.
O Coletivo EndoMulheres Londrina reforça que, apesar de acometer uma em cada dez brasileiras, a doença é negligenciada e inviabilizada. A endometriose ainda não é considerada uma doença social pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o diagnóstico é tardio, demorando de 7 a 12 anos, os tratamentos pela rede pública são praticamente inexistentes ou inacessíveis à grande maioria e as cirurgias são restritas, quando realizadas.
Em números absolutos, cerca de 200 milhões de meninas e mulheres sofrem com a endometriose em todo o mundo. No Brasil, a estimativa é que esse número some 10 milhões. Londrina possui cerca de 30 mil mulheres em idade fértil com endometriose, muitas delas não foram diagnosticadas.
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