Os muros foram, finalmente, derrubados. Os livros estão voltando para as ruas depois de dois anos aprisionados nas compras online. Pipocam como páginas impressas os eventos literários pelo país e o mundo. No ano passado já ocorreram encontros, como a Bienal do Livro do Rio, a Festa Literária de Tiradentes (MG) e outros, mas é neste 2022 que os leitores são conclamados, aos quatro cantos, a voltarem para as feiras e festas em torno das obras de ficção – e não ficção.
A Bienal Mineira do Livro começa dia 13 deste mês e vai até dia 22, depois de dois adiamentos. Os feirantes estavam preparados para 2020 e foram convencidos de que no ano seguinte seria possível montar os estandes, mas só agora estão se dirigindo ao BH Shopping para o encontro que os organizadores fazem questão de frisar como “real”. Da mesma forma, São Paulo prepara para julho aquele que costuma ser o maior evento de livros do país, a sua Bienal. Antes dela, a Feira do Livro promovida pela Revista 451, na praça Charles Miller, em frente ao estádio do Pacaembu, já está com lotação quase esgotada e a data é de 8 a 12 de junho. No estado, outra feira de grande movimento, a da USP, em novembro, também deve sair das telas de computador e celular e proporcionar o retorno do presencial.
A Bienal de Brasília em setembro já abre inscrições, assim como feiras menores que estavam esquecidas ou realizadas no modo virtual alugam espaços, vendem estandes, contratam montadores, eletricistas, empresas de internet e de móveis. Há um frisson e uma esperança. Se lançamentos em livrarias e espaços culturais vão aos poucos proporcionando os abraços, se as máscaras vão caindo, espera-se o sucesso dos eventos literários.
Importante para os editores, e consequentemente para os escritores que recebem seus direitos autorais, são os vales-livros custeados pelo poder público. Prefeituras e estados – não todos, evidentemente e tristemente – levam seus alunos de volta aos grandes eventos literários. Está aí uma política de suma importância que a pandemia não permitiu. Não que não fosse possível distribuir vales para os estudantes realizarem suas compras pela internet, mas fato é que não há muito esforço nesse sentido. Nas bienais fica mais evidente a necessidade de transferir a rota dos ônibus escolares para o palco dos livros.
Que a volta dos presenciais represente a valorização do livro físico e da compra presencial. Enquanto livrarias fecham e livrarias são abertas, os encontros em torno do livro exalam o cheiro bom do livro.
* Leida Reis é autora de oito livros publicados – dentre eles o romance “A invenção do crime” pela editora Record e “A casa dos poetas minerais” -, sendo três para crianças. Criadora do Clube do Livro Infantil Solidário (Clis) e da Mercearioteca (biblioteca comunitáriem BH), fundadora da Páginas Editora, com experiência em curadoria de eventos literários e jurada de prêmios. É também jornalista formada pela UFMG, com 27 anos de atuação.
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