Grupo básico de alimentos segue custando mais de R$ 600 em Londrina e compromete 50% do salário mínimo
Cecília França
Foto em destaque: Eduardo Soares/Unsplash
A cesta básica para uma pessoa custou R$ 610,58 no mês de maio, em Londrina, conforme pesquisa do Núcleo de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Nupea) divulgada nesta terça (31). Com isso, a cesta acumula alta de 20,6% em relação a janeiro de 2022, quando custava R$ 537,49 e compromete 50% do salário mínimo nacional. Para uma família de quatro pessoas, a cesta básica custou R$ 1.831,73.
A variação em relação ao mês de abril foi pequena, de apenas 0,27%. DOs 13 produtos pesquisados, nove registraram alta, com destaque para o feijão (20,2%). “A produção do feijão já vem sendo afetada a algum tempo por variações climáticas, diminuindo a produtividade desta cultivar, mas especialmente, a queda na área plantada, que cedeu espaço para o milho e a soja, acabaram reduzindo demais a oferta deste produto e consequentemente provocando sua alta”, explica o economista responsável pela pesquisa, Marcos Rambalducci.

Outros produtos que tiveram alta foram farinha (9,3%), leite (5,1%), banana (3,5%), açúcar (3,1%), pão (2,2%), arroz (2%) e óleo (1,3%). A carne, que tem alto peso no valor final da cesta, ficou praticamente estável (-0,6%). “A própria queda da cotação do dólar dos R$ 5,80 em janeiro para R$ 4,75 hoje ajudam a entender a redução dos custos de produção e, por consequência, os preços para o consumidor final”, avalia Rambalducci.
Registraram queda nos preços em maio o café (-4,1%), a margarina (-5,1%), a batata (-7,5%) e o tomate (-9,4%).

Impacto real
A cesta básica pesquisada pelo Nupea leva o descritivo constante no Decreto 299, de 1938, que estabelece a alimentação mínima para garantir a saúde do trabalhador durante um mês. A série histórica em Londrina foi iniciada em 2001, pelo professor Flávio de Oliveira Santos, e para garantir a sequência não é possível fazer alteração na lista de produtos.
Rambalducci reconhece, no entanto, que na mesa dos londrinenses – e dos brasileiros – não têm chegado toda essa variedade de alimentos. Devido à alta expressiva tem sido necessário cortar o consumo de alguns e substituir outros.
“Trabalhadores, especialmente de mais baixa renda, são impactados de maneira severa com a alta no preço dos produtos que compõem a cesta básica, pois dedicam uma fração maior de sua renda para aquisição destes produtos. E, de fato, nós que fazemos o levantamento dos preços não podemos substituir alimentos – por exemplo, feijão carioca por feijão preto, batatas por mandioca, óleo de soja por banha e por aí afora. Já o trabalhador não só pode como tem que deixar de lado produtos como o tomate, que chegou a ser negociado a R$ 12,00 o kilo, seja substituindo-o ou simplesmente deixando de consumí-lo”, finaliza.
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