Elas são maioria na Bienal do Livro de São Paulo e aos poucos se destacam em cada evento literário pelo país e pelo mundo. As mulheres publicam mais, ganham mais prêmios, criam suas próprias editoras e, aos poucos, vão percebendo que podem se unir pela e na literatura. Numa escadaria de um prédio histórico para uma foto histórica de alguma capital, então, elaboraram e publicaram a capa do poder feminino num movimento chamado “um grande dia por aí” – 12 de junho. Uma data que reverbera em outros infinitos dias. 

Em São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Velho, Macapá, Cuiabá e outras capitais as escritoras se juntaram no clássico Dia dos Namorados e resignificaram a data. Em outras cidades, foram se organizando em datas seguintes e se unindo num grande movimento para mostrar a força da escrita das mulheres. O acontecimento foi inspirado pela foto “Um grande dia no Harlem”, feita por Art Kane em Nova York, em 1958, com os grandes nomes do jazz, e se alastrou para fora do país. 

Aí vieram os dias seguintes ao 12 de junho. Escritoras criaram coletivos em grupos de WhatsApp, Instagram e Facebook. Passaram a seguir de perto o trabalho umas das outras e começaram a organizar eventos e movimentos em conjunto. Isso prova que alcance uma ideia, no caso a da escritora paulistana Giovana Madalosso, neste nosso tempo conectado, pode ter.

Dentre as mulheres participantes desses grupos há aquelas atuantes, dispostas a não deixar morrer o movimento, outras mais tímidas, mas que vão aos poucos encontrando lugar nesse grande continente literário. Há as com publicações e leitores conquistados, e outras tateando ainda no difícil sonho de encontrar uma editora ou mesmo de aperfeiçoar a escrita para estarem prontas à publicação. O melhor dessa história é justamente a mistura, o compartilhamento, a convivência que passam a ter umas com as outras porque certamente parcerias aparecem, clubes de leitura se ampliam, umas se tornam leitoras de outras. Todas mais estimuladas à carreira de escritora.

Esse grande dia, esse acontecimento pode ser multiplicado. Não precisa unir as mulheres apenas no mundo dos livros, mas certamente eles são a representação maravilhosa da arte de indígenas, pretas, brancas e amarelas. Porque tudo passa pelos livros, e as escritoras, de e-books, de blogs, de livros impressos, nos diversos gêneros, ao exibir sua produção literária, estão ainda mais fortes e de mãos dadas. Ninguém larga o livro de ninguém!

*Leida Reis é autora de oito livros publicados – dentre eles o romance “A invenção do crime” pela editora Record e “A casa dos poetas minerais” -, sendo três para crianças. Criadora do Clube do Livro Infantil Solidário (Clis) e da Mercearioteca (biblioteca comunitária em BH), fundadora da Páginas Editora, com experiência em curadoria de eventos literários e jurada de prêmios. É também jornalista formada pela UFMG, com 27 anos de atuação.

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