Após meses em alta, queda no preço da carne, em função do aumento da oferta e da baixa demanda, impacta na cesta

Cecília França

Foto em destaque: Leonardo Carvalho/Unsplash

O preço da cesta básica em Londrina apresentou nova queda em julho, de 1,6%, tendo fechado o mês a R$ 561,17, contra R$ 570,06 no mês anterior. De acordo com pesquisa mensal do Núcleo de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Nupea), dos 13 produtos pesquisados, seis tiveram alta, outros seis apresentaram queda e o café se manteve estável. Para uma família de quatro pessoas a cesta custou R$ 1.683,52.

Dentre os produtos que ficaram mais baratos está o que mais pesa no preço final da cesta, a carne. Após meses de alta, a carne pesquisada (coxão mole bovino) ficou 7,5% mais em conta. O economista responsável pela pesquisa, Marcos Rambalducci, explica a movimentação.

“O mercado estabelece o preço de um produto de forma automática, considerando o quanto está sendo vendido e o quanto está sendo comprado. A quantidade de carne ofertada aumentou por dois motivos: maior oferta de boi para o abate, como é típico neste período do ano, quando o pasto fica seco e se torna mais caro alimentar o rebanho, e também porque a China descredenciou pelo menos seis plantas frigoríficas neste ano, dificultando as exportações e obrigando o pecuarista a vender no mercado interno”, detalha.

A redução do poder de compra dos trabalhadores é outro motivo que puxa o preço para baixo. “Com a queda no poder aquisitivo da população em função da alta inflação, a carne bovina foi substituída por outras proteínas animais. Então tivemos aumento na oferta de carne e diminuição na demanda. Como consequência, queda nos preços para o consumidor”.

Os outros que tiveram queda foram feijão (-13,8%), óleo (-7,7%), tomate (-7,5%), farinha (-3,4%) e acúcar (-1,2%). Registraram aumento banana (22,6%), batata (19,2%), margarina (17,4%), leite (11%), arroz (4,3%) e pão (3,1%).

Fonte: Nupea

Tendência de alta deve se manter

A injeção de dinheiro na economia a partir do Auxílio Brasil de R$ 600 não deve acarretar em queda na inflação dos alimentos, explica Rambalducci.

“A economia funciona como uma balança de feira. Em um dos pratos está a quantidade de dinheiro e no outro prato a quantidade de alimentos. Se a quantidade de dinheiro aumenta sem que haja aumento proporcional na quantidade de alimentos, há desequilíbrio nesta balança e, para compensá-lo, o preço dos alimentos vai subir até que se reestabeleça novamente o equilíbrio. Como a entrada de dinheiro é maior que o aumento na produção de alimentos, há uma tendência para a manutenção de níveis elevados de inflação”.

Leite tem novo aumento

Em julho o preço do leite registrou 11% de aumento, com o preço médio do litro a R$ 6,46. De acordo com o economista Marcos Rambalducci, a normalização dos preços do leite deve começar a partir de setembro.

“O custo na produção de leite aumentou consideravelmente, impactado por seca, que obriga o produtor a confinar o gado e alimentá-lo com farelo de soja, milho e sorgo, cujos preços dispararam, e também pelo aumento no preço dos combustíveis. Vale lembrar que estamos na entressafra, período que há queda na produção das vacas, pois bebem menos água em função do frio. Além disso, muitos pecuaristas saíram da atividade ou reduziram investimentos em função da falta de retorno que a afligiu a atividade, especialmente nos últimos três anos”, explica.

A baixa nos preços deve ocorrer a partir do início da temporada de chuvas e com a recomposição dos pastos, seguido da redução dos combustíveis e no preço das commodities agrícolas.

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