Buscar tua presença na ausência
Fez de mim um pesquisador
E eu, severo que era
Desmanchava-me diante da sua sabedoria caipira
Que desfrutava cada instante
Do efêmero da vida
Que escorria no vão dos dedos
Feito manga bem madura
Assim fui aprendendo a me lambuzar de intensidades
O respeito que sempre teve comigo
Carrego como herança em estandarte
Apesar das nossas diferenças tantas
Amou-me a seu jeito
A seu tempo
Como deve ser o amor humano:
Imperfeito, e por isso mesmo, honesto
Sou também um imperfeito do amar
Ambulante da própria trajetória
Reinvento o mambembe
Daquele circo com o qual não fugi um dia
Adoro kombis até hoje
Deve ser lembrança das sextas
Em que buscava toda minha trupe na escola
E eu vinha no banco da frente
Saltando pelas ruas de paralelepípedo
Era felicidade pura
Da simplicidade cotidiana!

Regis Moreira
12.08.18


*Régis Moreira, Comunicólogo Social e Gerontólogo, doutor pela ECA (USP) em Ciências da Comunicação, docente do Depto de Comunicação da Universidade Estadual de Londrina (UEL), onde atua como pesquisador na área de comunicação, envelhecimento e gênero. Pesquisador do Observatório Nacional de Políticas Públicas e Educação em Saúde.

2 respostas para “A meu pai”

  1. Poesia incrível! Linda e emocionante homenagem!

    1. Obrigada pela visita, Marli.

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