“Encarceradas – Quando a estrela de Natal não brilha” pode ser adquirido nas versões física ou digital; confira trechos
Da Redação
Detentas da Cadeia Pública Feminina de Londrina acabam de lançar o livro “Encarceradas – Quando a estrela de Natal não brilha”. São relatos escritos por elas sobre experiências de vida tendo como ponto em comum a festividade do Natal. O livro traz dez relatos e pode ser adquirido aqui nas versões física ou digital.
Segundo a diretora da cadeia, Soraya Ursi, a renda adquirida com a venda deste primeiro livro custeará o segundo volume da série, “Amor Bandido”, já concluído. Um terceiro está em fase de elaboração.
No início de 2021, uma das editoras da Rede Lume, Cecília França, teve a oportunidade de ler a impressão piloto do livro “Encarceradas…”. Em matéria publicada em março daquele ano ela fala sobre a publicação:
“São registros fortes, de vidas sofridas, a maioria permeada pela violência desde a infância, seja por agressões dos pais, agressões do pai à mãe, até abusos sexuais. Todas de origem pobre, grande parte cresceu sem a presença da figura paterna e tem na mãe ou avó o único alicerce.
Fica evidente como o machismo da sociedade pesa na biografia dessas mulheres, abandonadas pelos pais, vítimas de agressões dos parceiros, responsáveis únicas pelos seus filhos. Além da função de cuidado, cabe-lhes também a de provedoras. Muitas caem no crime para enfrentar um cenário de total falta de perspectiva. Outras, levadas por companheiros.
Há ainda crimes mais chocantes, contra crianças. Nas duas histórias com esse perfil as autoras são mulheres sem passagens pelo mundo do crime, mas com vidas que envolvem inúmeras dificuldade materiais e psicológicas. O livro nos mostra uma parte do universo dessas mulheres e como pode ser tênue a linha entre a correção e o crime.”
E continua: “…quase todas as presas relatam um contraditório sentimento de solidão. Mesmo em um lugar onde nunca se está só, estar longe das pessoas amadas talvez seja a maior pena para essas filhas, mães, avós.”
Confira trechos do livro abaixo.
“Para eu não afundar nas minhas tristezas, oro para Deus me confortar, para não perder a esperança de dias melhores que estão por vir, que nossa vida não acaba aqui em uma cela.”
F.G.M., 34 anos, no livro “Encarceradas…”
“Ficamos sabendo pela televisão que chegara ao no Brasil uma pandemia, um vírus que estava pelo mundo todo. Muito poderoso que matava de um jeito muito triste as pessoas, não entendia direito, mas me preocupei imediatamente com minha mãe, que é de um grupo de risco e minha filha que tem que cuidar de tudo da casa agora, toda a responsabilidade de ir em bancos, supermercados, farmácias, tenho medo que aconteça algo de ruim e eu aqui presa, incapaz de ajudar minha família.”
D.L.R., 39 anos
“Ela pode estar atrás das grades neste exato momento, mas sabe que será capaz de terminar seus estudos e viver uma nova realidade.”
MBS, 45 anos
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