Conselho irá planejar políticas públicas e fiscalizar a atuação do município no setor; aprovação só teve oposição de evangélicos

Por Rosiane Correia de Freitas, do Plural

Foto em destaque: Plural.jor

A Câmara de Curitiba aprovou nesta segunda (13) a criação do Conselho Municipal da Diversidade Sexual – LGBT, que irá acompanhar e avaliar as políticas públicas do setor. O projeto será votado em segundo turno na terça, dia 14 de fevereiro. Foram 25 votos a favor, sete contra (todos da bancada evangélica) e uma abstenção.

A proposta ganhou apoio da bancada do governo, da oposição e inclusive de partidos conservadores, como o Novo e o União. “Ás vezes é necessário dizer coisas óbvias, principalmente porque os intolerantes insistem em nos fazer crer que somos, por exemplo, minoria. Não somos”, declarou a vereadora Maria Letícia (PV). Ela lembrou as inúmeras conquistas da população LGBTQIA+ nas últimas décadas para marcar “as coisas boas” da caminhada que leva a criação desse conselho em Curitiba.

“Hoje é um dia de celebração. Trata-se de uma conquista e vamos colocar nessa lista aqui também de conquistas”. E encerrou: “não somos minoria. Querem nos calar, não conseguirão”.

Já a vereadora Giorgia Prates (PT) disse que não queria falar como “uma vereadora que irá fazer um voto em favor de uma parcela significativa da população de Curitiba. Quero falar como uma mulher preta e lésbica em primeiro lugar. Quero falar como uma menina que cresceu sem nenhum tipo de proteção contra todas as discriminações e que perdeu pessoas muito importantes por falta da escuta qualificada e também pela ausência dos direitos garantidos”.

Prates também falou sobre a violência que afeta essa população e a opressão com a qual as pessoas convivem. “Falo como uma pessoa que a única escolha que ela realmente pode fazer foi de ser ela mesma”. E disse sentir orgulho de fazer parte desse momento.

Apesar do clima de celebração e conquista que a criação do Conselho conjurou na Câmara, a bancada evangélica fez questão de usar a tribuna para desfilar preconceito e defender que o projeto cria “segregação” e discriminação contra os heterossexuais.

Como os demais Conselhos Municipais, o da Diversidade Sexual terá a participação de representantes da administração municipal e de entidades representativas do setor. Dentro do escopo do órgão está a fiscalização das políticas da área, o controle social dessas políticas e o planejamento e diretrizes de políticas LGBTQIA+ de Curitiba.

Se aprovado em segundo turno, o projeto segue para sanção do prefeito Rafael Greca (PSD). O Conselho será efetivamente implantado depois da lei ser sancionada.

No final de 2021, as Câmaras de duas grandes cidades da região – Londrina e Maringá – vetaram a criação de Conselhos LGBTQIA+. Relembre:

Vereadores rejeitam Conselho LGBT por 12 votos a 5

Conselho LGBTI+ será criado pela sociedade civil em Maringá

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