Nas últimas semanas alguns colunistas da Rede Lume têm repercutido a representatividade de minorias nos três poderes. Não poderia ser diferente aqui, uma vez que sempre abordo temas relacionados às Pessoas Com Deficiência (PCDs).

Antes de iniciarmos qualquer consideração com relação ao tema, faz-se necessário entender o cenário das eleições 2022. Então vamos aos dados.

O Brasil teve, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 492 candidatos que se declararam PCDs. Destes, no entanto, só 8 foram eleitos. Um número que por si só já pode ser considerado pequeno, mas a coisa fica pior. Por que? Porque, ainda de acordo com o órgão, eram esperados cerca de 1,2 milhão de eleitores com algum tipo de deficiência participando da festa da democracia.

Ou seja, o número de pessoas votantes poderia garantir mais vagas nos três poderes, mas não foi o que se viu.

É verdade que as eleições tiveram ao menos um fato marcante para nós, PCDs, no cenário político nacional, com a candidata à vice-presidente, Mara Gabrili, do Partido Social Democrata (PSD), que se autodeclara pessoa com deficiência, concorrendo pela chapa de Simone Tebet, Movimento Democrático Brasileiro (MDB). O cargo mais importante já pleiteado por um PCD e também a primeira vez que isso ocorre no Brasil.  A saber, os demais candidatos com deficiência concorreram em sua maioria aos cargos de deputado, em primeiro plano na esfera estadual, seguido do cargo na esfera federal.

Vale lembrar ainda que os candidatos eleitos apresentam curso superior e um histórico de luta e muita militância às causas PCDs. Ou seja, não chegaram ali por acaso.

É verdade que ter representantes, ainda que poucos, é melhor que não ter. É verdade também que o atual governo, democraticamente eleito, promete ser mais inclusivo (teve até PCD subindo a rampa) e, ainda mais, contamos com o apoio de alguns nomes de relevância nacional, como o ex-deputado e atual senador pelo Partido Liberal (PL), Romário, que, em razão de sua filha Ivy, que tem síndrome de Down, tem levantado a bandeira e encabeçado projetos a favor das pessoas com deficiência. Mesmo assim nossos avanços são lentos.

Dado o tamanho do eleitorado com deficiência e todas as nossas necessidades precisamos de ainda mais espaço. Claro que todo apoio é bem-vindo, mas precisamos ocupar esses espaços também. Nós, melhor do que ninguém, conhecemos nossas dores, nossos anseios, precisamos levantar nossa bandeira, ganhar relevância nas discussões da sociedade brasileira. É tempo de fazer com que nos ouçam.

*Vinícius Fonseca é pessoa com deficiência, jornalista, tecnólogo em gestão de Recursos Humanos com especialização em assessoria em Comunicação e M.B.A. em Gestão de pessoas. Também é escritor de poesias e contos, além de um eterno curioso.

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