Clipe do Pesadelo Atual é o primeiro do Paraná a trazer inclusão pelas libras; grupo busca ampliar visibilidade nas plataformas digitais

Cecília França
Com reportagem de Filipe Barbosa

Foto em destaque: Reprodução/Youtube

Fazer música como forma de reivindicar melhorias para a vida nas comunidades. Assim o grupo Pesadelo Atual entende o rap que faz desde 2006, sempre com dificuldade, mas com a certeza de que têm muito a dizer. O grupo, formado por Willian (Will do rap), Jeferson (Jé na Fé) e Fernando (DJ Fernandão), inova com seu novo clipe, da música “Ar nos Pulmões”, ao introduzir a interpretação por libras.

Segundo Will, líder do grupo e compositor da música, é a primeira vez que um grupo de rap do Paraná traz essa inclusão para um clipe e muitas pessoas com deficiência auditiva enviaram mensagens de agradecimento. O rapper conta que não imaginava um dia poder alcançar esse público. Para ele, a inclusão promovida pelo Pesadelo Atual foi algo histórico.

“Tive a ideia depois de assistir um vídeo no Instagram e lembrei de uma apresentação de um circo que tinha um intérprete. Pensei que seria difícil, pelo rap ter músicas mais rápidas. Mas conversando com um amigo, ele me incentivou, procurei contato de alguém que poderia ajudar. O grupo sentia a necessidade de passar a mensagem do rap para mais pessoas e trazer inclusão”, detalha.

“E é uma mensagem de autoestima. Bater de frente, que a vontade de viver seja maior que tudo. Essa mensagem tem que chegar para essas pessoas também”, afirma. O grupo pretende manter a inovação nas próximas produções.

Assista ao clipe abaixo:

Dificuldade de viver do rap

“Enquanto há ar nos pulmões
Inversão de valores, certo
E o mundão depressivo, mano
Tô de volta, mas nunca fui embora
Uma pausa não quer dizer meu fim
Nunca desista

Caminhando na tempestade
sem fraquejar
Esquartejando os leão
que tentar me intimidar
É preciso ter coragem
pra enfrentar seu medo
É preciso ter medo
pra ter coragem

Assim começa a música “Ar nos Pulmões”, composta por Will do rap. O grupo existe de 2006, mas o rap faz parte da vida dos integrantes há mais tempo. Will e Jé são MCs e Fernandão é DJ. Os dois primeiros trabalham como barbeiros e o DJ como açougueiro. Viver da música, especialmente do rap, não é fácil.

Só agora o o grupo entrou nas plataformas digitais e busca atingir algumas metas em aplicativos como Spotify e Youtube para conseguir receita. O objetivo é que a mensagem deles chegue cada vez mais longe. Para Will, a verdadeira música, que fala sobre questões sociais, que precisa ser escutada, não é ouvida. As que recebem investimento são músicas fáceis, comerciais.

“Eles querem uma música fácil, chiclete. Não traz nenhum incentivo para um moleque da periferia”.

Will do rap

O rap traz informações valiosas sobre a sociedade, destaca o líder do grupo. “O rap é muito mais que uma música. É como se fosse uma terapia. O Rap ajuda, salva, na verdade. A música em si, já provado pela ciência como uma terapia. Ela mexe no intelecto da pessoa. Faz você refletir, em várias partes. O rap nasceu para isso, reivindicar e trazer melhoria. É a voz da favela”, finaliza.

Rap Positivo

Cada integrante do grupo compõe separadamente, mas eles se reúnem para conversar e compartilhar ideias. Nas composições, sempre tentam passar uma mensagem positiva, além das reinvindicações dos problemas sociais. Algumas composições saíram como reflexo de conversas no trabalho, no cotidiano, conversando com alguém. Escrevem as ideias no caderno ou no celular. A inspiração também pode vir escutando outras músicas.

Sobre “Ar nos Pulmões”, Will conta: “Eu vinha sentindo algo, que eu tinha que escrever isso. Estava passando por algumas coisas também. A sociedade não sabe definir o que é dor e o que é ódio. Pelos problemas do dia, acaba criando ódio. Não sabe se curar daquela dor. É onde nasce o ódio”, diz.

Confira o trabalho do Pesadelo Atual nas redes: Youtube, Instagram e Spotify.

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