Vudji, uma história de cabelo

Livro infantil será lançado no Feirão da Resistência como parte da programação dos “21 Dias de Ativismo contra o racismo”

Da Redação

Foto em destaque: A autora Zery Monteiro, com mil Abayomis no cabelo/Divulgação

Ninguém precisou dizer, mas todos sabiam que, em qualquer estação do ano, os cabelos crespos da menina Vudji continuariam crescendo por todo o bairro e depois por toda a cidade e depois por todo país e depois por todo espaço, crescendo até o infinito.

O trecho é do livro infantil “Vudji, uma história de cabelo”, publicado de forma independente, pela autora Zery Monteiro, com ilustrações de Márcia Széliga. Ele será lançado no próximo sábado (11), às 11 horas, no Feirão da Resistência e da Reforma Agrária, na Avenida Duque de Caxias, 3.24.

O lançamento faz parte das ações dos “21 dias de Ativismo contra o racismo”, da Frente Antirrascista de Londrina, que conta também com apoio do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). E será realizado juntamente com o pessoal do Movimento de Artistas de Rua de Londrina (MARL).

O livro conta a história de Vudji e trata com delicadeza, a questão do cabelo crespo, numa sociedade racista.

Vudji é uma palavra africana que significa cabelo no idioma Ndau, falado por um grupo étnico que habita algumas regiões de Moçambique e do Zimbábue.

Junto com o livro, vem como brinde a bonequinha Abayomi, que é amiga inseparável da personagem Vudji. A boneca foi criada em 1987 pela artesã urbana brasileira Lena Martins, que foi quem lhe deu esse nome, que, no idioma iorubá, significa “Aquele que traz alegria” ou “Meu presente”.

Abayomi nasceu lindamente preta. Sua cabeça, pés e mãos, livres de cola ou costura, são formados a partir de nós dados em seu próprio corpo. Não tem olhos, nariz ou boca, para que represente qualquer etnia africana.

Seu corpo e roupinhas são feitos a partir de sobras de tecidos de confecções ou de costureiras. Com o passar dos anos, a confecção da bonequinha se espalhou para além das fronteiras do Brasil.

A autora, que é bibliotecária em Maringá, já publicou poesias e dois livros infantis. Um deles é “A história da mulher que ficou grávida por onze anos”, que escreveu com Cirlei Ganeo, com ilustrações de Marcos Verdeiro e que foi contemplado com o Prêmio Aniceto Matti.

O outro livro, “Vamos a Incuyo”, publicado em espanhol, ela escreveu com seu companheiro Adrian Dongo Montoya, sendo ilustrado pelo filho do casal, Matheus Dongo.

Além de ‘Vudji’, o Feirão deste sábado terá na programação artística:

9h – Discotecagem

10h – Chorinho Regional Flor do Café

11h – Contação de história e lançamento do livro Vudji, por Zery Monteiro

12h – Rode de Capoeira, Centro Esportivo Capoeira Angola

13h – Cacuriá com Grupo Estrela da Vila

14:30h – Guto Medalha

15:15h – KaDuo. O casal Eduardo Dias (piano) e Karina Kimori (voz e saxofone) trazem clássicos da música brasileira