Em 2020, deputado participou de ato em repúdio ao espancamento de Beto Freitas, homem negro assassinado em unidade do Carrefour em Porto Alegre
Cecília França
Foto: Guilherme Bittar/Plural
*Atualizada em 24/03. Na primeira versão da matéria afirmávamos que o deputado havia sido processado pelo Carrefour, o que foi contestado pela assessoria do grupo. Após esclarecimento junto ao MP, retificamos o texto.
O deputado estadual Renato Freitas (PT) está sendo processado criminalmente pela pichação de uma frase de Martin Luther King no estacionamento da unidade do Carrefour no Parolin, em Curitiba, durante um protesto antirracismo ocorrido em 20 de novembro de 2020. Freitas participava, com diversos movimentos sociais, de um ato em repúdio ao assassinato de um homem negro por seguranças brancos no Carrefour de Porto Alegre (RS).
“Naquela ocasião escrevi numa mureta do estacionamento ‘A injustiça praticada em qualquer lugar do mundo é uma ameaça à justiça em todos os lugares do mundo’”, lembrou o deputado em vídeo publicado nas redes sociais. A intimação de Freitas sobre o processo ocorreu no início desta semana, na Assembleia Legislativa.

O espancamento de João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, no estacionamento do supermercado, causou reações em todo o País. Em Londrina o movimento negro também protestou em frente à unidade do Carrefour, na Gleba Palhano. Reveja fotos e vídeo aqui.
Em postagem nas redes sociais, Renato Freitas lamentou que “No Brasil, a defesa da propriedade privada importa mais que a vida”.
“Que coisa, não? Eu fiz o Carrefour de vítima”, ironizou, mostrando a intimação em que o grupo é assim nominado. “Mas o Carrefour foi responsável pelo assassinato, através de um espancamento brutal, de um homem negro que não estava cometendo nenhum delito. E o fato de eu ter escrito uma mensagem de protesto, de descontentamento, mas também de conscientização – do Martin Luther King, alguém que sabidamente foi um lutador pela paz – uma frase dessa gerou um processo criminal contra a minha pessoa. Esse mundo está de ponta cabeça”.
Na primeira versão dessa matéria havíamos apontado o Carrefour como autor da ação contra Freitas, o que não é verdadeiro. O Ministério Público do Paraná informa que o processo foi iniciado pela autoridade policial e a denúncia oferecida ainda em 2021.
“Trata-se de denúncia oferecida pelo Ministério Público do Paraná ainda em 2021 (no dia 18 de março daquele ano), contra o agente político, que na época era vereador de Curitiba, a partir da conclusão de inquérito policial relacionado aos fatos e remetido ao MPPR. Na ação penal, foi sustentada a prática do crime de pichação, ocorrido no dia 21 de novembro de 2020, em edificação localizada na Avenida Marechal Floriano Peixoto, 3.031, na capital. O processo tramitava no Juizado Especial Criminal por se tratar de crime de menor potencial ofensivo, sendo posteriormente remetido à Justiça Comum. Atualmente, os autos tramitam na 7ª Vara Criminal de Curitiba.”
Na última segunda-feira, 20 de março, ocorreu audiência do processo com oitiva de testemunhas. “Considerando a ausência de algumas testemunhas arroladas pela defesa, foi designada nova audiência para o dia 17 de maio deste ano.”, informa o MP.
Deixe uma resposta