Confira depoimento de Marilene Ferraz da Silva Santos, mãe de Davi Gregório Ferraz dos Santos (foto em destaque), morto pela polícia aos 15 anos de idade, em junho do ano passado
Nelson Bortolin
Foto em destaque: Arquivo Pessoal
“Meu filho foi executado dia 15 de junho de 2022. Hoje eu uso medicação. Meu (outro) filho sofre constantemente. Minha família toda foi destruída. O Estado vem e mata seu filho e você é obrigado a conviver com essa dor.”
A fala impactante é de Marilene Ferraz da Silva Santos, mãe de Davi Gregório Ferraz dos Santos (foto em destaque), morto pela polícia aos 15 anos de idade, em junho de 2022.
Marilene participou do debate “Letalidade Policial: um retrato da violência no Paraná”, realizado pela Rede Lume e a Rádio UEL FM, no campus da universidade, na noite desta quarta-feira (15).
“No caso do meu filho foi constatado que não havia arma com ele. Os dedos do meu filho foram decepados. Ele foi alvejado por 15 tiros, três atiradores. Um deles estava com um metralhadora.”

em debate promovido pela Lume em parceria com a Rádio UEL FM/ Foto: Mariana Guerin
Filho queria ser padre
“Meu filho queria ser padre, estava procurando emprego. Fez algumas amizades e passou a usar maconha. Ele deixou de ser coroinha porque dizia que sua mão havia perdido a pureza por causa da maconha. Ele foi naquele local para adquirir maconha.”
“O policial disse que eles correram quando a viatura chegou. O amigo conseguiu escapar pelos fundos de uma casa. Meu filho foi morto na hora.”
“Inicialmente um policial disse que o meu filho estava com arma em punho e outro disse que ele sacou a arma. Depois combinaram uma versão igual.”
“Eu vi tudo, 38 fotos, não tem descrição de uma arma. A arma (que ela acredita ter sido plantada) foi entregue pelo policial ao perito em momento posterior (à morte).”
“O celular dele foi roubado. Meu filho não saiu de casa para morrer. Não tinha armas, não era bandido, não traficava. Os policiais justificaram que estavam no encalço de duas pessoas que foram mortas uma semana depois. A morte do meu filho foi às 17h55. O socorro foi chamado às 19 horas. Deu todo tempo de modificarem a cena.”
“Que tipo de abordagem é essa em que se mata uma criança? Havia câmera na casa vizinha. Mas foram na casa dela e mandaram apagar as imagens porque senão iam jogar drogas na casa. O homem da casinha de cachorro quente viu tudo. Mas ameaçaram ele e ele negou que tenha visto.”
Debate promovido pela Rede Lume e UEL FM reuniu familiares com representante do Gaeco, Defensoria Pública e pesquisadora do juvenicídio. Confira a reportagem completa aqui.
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