Campanha visa enfrentar o racismo contra negros e indígenas no ambiente universitário, dialogar com as comunidades interna e externa e incentivar denúncias

Cecília França

Neste 21 de março, data do encerramento da campanha 21 Dias de Ativismo contra o Racismo e Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé, instituído pela Lei 14.519/2023, a Universidade Estadual de Londrina lança a campanha “UEL na luta contra o racismo”. A programação do evento de lançamento tem início às 17h com atividades culturais no Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab).

“UEL na luta contra o racismo” tem como objetivos promover ações estratégicas e permanentes de enfrentamento e combate ao racismo na instituição; dialogar com toda a comunidade universitária (docentes, discentes e servidores), com o movimento negro e com a sociedade em geral sobre o racismo; incentivar docentes e servidores a promover e intensificar ações de combate ao racismo em seu cotidiano profissional; denunciar, de forma direta, diferentes expressões de racismo; valorizar a população e a cultura negra e indígena; criar espaços de escuta nos centros e departamentos sobre as diferentes manifestações de preconceito, discriminação e racismo na UEL.

A coordenadora do Neab, Marleide Rodrigues da Silva Perrude, acrescenta que a campanha tem quatro eixos de ação: 1.Reconhecimento da existência do racismo no cotidiano; 2.Visibilidade para ações de enfrentamento e superação do racismo; 3.Formação de uma comunidade antirracista; 4.Denúncia de atitudes racistas.

“Para combater o racismo é preciso nominar e denunciar as práticas racistas naturalizadas no cotidiano.”

Marleide Perrude, coordenadora do Neab

Sobre a importância de efetivar denúncias, a coordenadora destaca que a campanha busca fortalecer os canais de denúncia, a criminalização, proteção e apoio às vítimas. E ressalta que a Ouvidoria da UEL conta com canal específico para esses registros.

“Um canal de denúncia específico para condutas que envolvam preconceito de raça e/ou cor e tem por objetivo prevenir, coibir e responsabilizar condutas que envolvam esse tipo de comportamento. É importante ressaltar que para o registro da denúncia, solicita-se que seja fornecido o máximo de informações possíveis, para que sejam dados os encaminhamentos necessários”.

As denúncias podem ser feitas de modo identificado, sigiloso ou anônimo. Neste último caso, ela somente será analisada se forem encaminhados dados que possibilitem a verificação dos fatos, como nome e sobrenome do denunciado e quando, onde e como a situação irregular ocorreu. Duvidas podem ser sanadas no canal da Ouvidoria, acessível neste link.

Além do Neab, a Comissão Universidade Para os Indígenas (Cuia) também participa ativamente da campanha. A coordenadora da Cuia, Eloá Soares Dutra Kastelic, em entrevista ao site O Perobal, destaca que, além das ações de combate ao racismo contra pretos e pardos, a “UEL na luta contra o racismo” ampara, também, os indígenas.

“Não podemos compactuar com o racismo. Somos sensíveis, comprometidos e solidários à causa. Nesta direção, propomos ações reparadoras, como a formação de professores com o foco em uma educação antirracista e, sobretudo, atuamos na formação dos acadêmicos indígenas, pensando em uma formação e educação para além da universidade”, explica.

Confira a programação do evento de abertura da campanha:

17h : Atividades culturais no Neab

18h – Ato Simbólico – Plantio de uma árvore de Akoko nas proximidades do Neab

19h: Assinatura do Pacto de apoio a campanha, no Anfiteatro Maior do CLCH

19h30: Mesa de abertura da Campanha com o tema: “Cenários políticos e jurídicos para a luta contra o racismo no Brasil.”

Convidados: Dr. Dora Lucia Lima Bertulio – Procuradora da Universidade Federal do Paraná.

Prof. Reginaldo Aparecido Alves – Reginaldo Nimboadju – Cacique da terra indígena Pinhalzinho -Tomazina/PR, Membro conselheiro da ARPIN Sul, Membro do Núcleo de Direitos Étnicos e Coletivo do Paraná (NUPOVOS) e membro do conselho Estadual Indígena

Mediação: Hodavias Bibiano Chivinda – Advogado, Graduado em Direito pela UEL, pós-graduado em Direito Penal e Processo Penal; Membro das comissões da Advocacia Criminal e de Igualdade Racial e Minorias da OAB Paraná, subseção de Londrina.

Apologia ao racismo motivou campanha

Em maio de 2022 inscrições racistas e de apologia ao nazismo foram encontradas no banheiro masculino do Centro de Ciências Exatas. Poucos dias depois, uma marcha antirracista foi realizada pela comunidade universitária dentro do campus. Logo após, a administração da UEL nomeou, por meio de portaria, um Grupo de Trabalho (GT) para estruturar uma política permanente de enfrentamento ao racismo. Um pré-lançamento da campanha “UEL na luta contra o racismo” ocorreu em outubro de 2022.

O evento desta terça (21) é uma realização da UEL, por meio do GT de Enfrentamento e Combate ao Racismo, e tem apoio da Gestão de Promoção da Igualdade Racial da Prefeitura de Londrina, da Secretaria Municipal de Recursos Humanos e do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (CMPIR).

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