Fotos: Carlos Monteiro

Como vivo o amor?

Vou ao encontro, sem medo e sem desconfiança? Vivo com leveza, desprendimento e ousadia?

Permito o perdão e a cura de sentimentos negativos?

Sinto-me plena e inteira para que a troca seja prazerosa, sem cobranças, sem amarras e sem expectativas?

Qual o poder do amor?

Amor generoso, gratuito, grato e gratificante!

Amor que edifica, sensibiliza, reconhece, dialoga e valoriza!

Amor permanente, casual e imanente.

Amor do passado e do presente. Amor sem tempo e com tempo.

Amor que vai e volta, desaparece e reaparece inesperadamente.

Amor filial, maternal, paternal, entre avós, netas e netos, irmãos, primos, tios, sobrinhos, padrinhos e afilhados.

Amor entre amigos/as, namorados/as, esposos/as e amantes.

Amor entre vizinhos, professores, estudantes, patrões e empregados.

Amor erótico que desperta os sentidos, a química, a atração, a permissão, o prazer e o gozo.

Amor que transforma a comunidade e o ambiente de trabalho. Amor que traz luz para os espaços de terapia, de espiritualidade e de lazer.

Amor que fortalece a solidariedade nas ruas e nos presídios. Humaniza as relações nos hospitais, nas escolas, nos transportes coletivos, nos campos e nas cidades.

Amor que transforma as relações nas igrejas, entre as religiões e entre os países.

Como você vive o amor?

Amor solto e liberto, que gera vida, acrescenta, faz crescer, respeita e é respeitado.

Amor que envolve todas as cores e raças.

Todas as formas de amar são lindas e possíveis.

Amor que não discrimina, não maltrata, não aceita o preconceito e a desigualdade. Não se submete ao abuso físico e psicológico.

Amor que se expande para o coletivo, se materializa em ações concretas.

Amor que se incomoda com a dor do outro. Que abre mão de sua condição social para se colocar à serviço, para sair em missão.

Amor que ensina, aprende, deixa marcas, raízes, legados e identidade.

Amor que constrói histórias e muda histórias. Que supera obstáculos, partilha o pão, dialoga com aqueles que nada têm, busca construir um mundo humano e justo.

Amor corajoso que dá visibilidade às injustiças, contribui para a sobrevivência do nosso planeta e cuida de suas criaturas.

Como vivemos o amor no dia a dia?

Quando amo, abro-me para o outro. Para o seu jeito de ser e estar no mundo.

Amor que voa, liberta, agrega e congrega.

Amor que cuida das crianças, dos adolescentes, dos jovens, dos adultos, dos idosos e da comunidade.

Amor que potencializa o toque, o olfato, o paladar, a visão e a audição.

Visão que se amplia, vai além, comunica, anuncia, denuncia, desperta e atrai.

Mãos que plantam e colhem, que realizam a alquimia dos sabores! A magia no preparo dos alimentos.

Cheiros que se espalham, despertam, alegram e plenificam. Sabores que ficam para sempre na memória afetiva dos netos cuidados por suas avós.

Cheiros e sabores que matam a fome das pessoas em situação de rua. Que despertam a gratidão e possibilitam a fartura.

Ouvidos abertos e atentos ao silêncio, aos ruídos, aos chamados, aos pedidos de socorro.

Mãos que tocam, acariciam, cuidam, confortam, dão segurança e aconchego.

O querer que reafirma a decisão. Querer bem, querer mais, querer sempre. Querer que senta para ouvir, para contar histórias nas praças, nos hospitais e nos abrigos de crianças abandonadas.

Vozes que cantam, encantam e alegram os corações de muitos idosos nas casas de repouso.

Viver com intensidade! Viver o presente! Viver com as portas e janelas abertas para o novo. Deixar pulsar, ouvir, tocar, sentir, educar e amar.

Ir ao encontro! Permitir o encontro. Cuidar e ser cuidado, acolher e ser acolhido.

Cantar, dançar, interpretar, declamar, pintar, esculpir, escrever e alegrar. Transformar o amor em poesia, em arte e em cultura.

O que o corpo fala? Que histórias carrega? Que alegrias e tristezas? Que desejos? Que belezas? Que formas de amar?

Amor que fala, ouve, coloca-se ao lado. Espera, deixa acontecer, surpreende e é surpreendido.

Amor idealizado ou real? Sonhado ou possível? Construído ou destruído? Cultivado ou abandonado?

Que escolhas fazemos? Quantos amores vividos? Quantos amores afastados?

Quanto de amor espalhamos ou retemos? Que amores ficam para sempre ou desaparecem?

Permitimos que o amor flua ou ficamos na lamentação?

Bloqueamos o amor por medo ou arriscamos?

Vivemos na solidão ou nos colocamos à serviço?

Quantas vezes impedimos que o amor de Deus pela humanidade se manifeste através de nós!

Viver o amor com desprendimento liberta e renova!

*Beatriz Herkenhoff é assistente social. Professora aposentada do Departamento de Serviço Social da UFES. Com doutorado pela PUC-SP. Autora do livro: “Por um triz: Crônicas sobre a vida em tempos de pandemia” (2021) e “Legados: Crônicas sobre a vida em qualquer tempo (2022)

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4 respostas para “Amor generoso, gratuito, grato e gratificante”

  1. Me permito um único adjetivo para definir seu texto, “perfeito”. Mesmo sabendo da sua enorme capacidade criativa, é preciso aplaudir a forma e o sentimento que você foi capaz de imprimir nesse texto, falando sobre o sentimento maior.
    Um ótimo domingo de Páscoa, para você e seus leitores.

  2. Avatar de MARIA BEATRIZ LIMA HERKENHOFF
    MARIA BEATRIZ LIMA HERKENHOFF

    Fico muito feliz com seu feedback Alcir. Sei que você é um leitor voraz e um crítico atento. Portanto, suas observações são muito preciosas. Que eu possa tocar muitos corações para o desejo de amar cada vez mais. E que esse amor seja expresso em ações concretas de justiça, paz, diálogo e harmonia

  3. Avatar de Rosemari Gonçalves
    Rosemari Gonçalves

    Olá, sempre sua tenacidade e clareza me deixa pistas de saídas para o desamor esfumaçado dos dias atuais.

  4. Avatar de MARIA BEATRIZ LIMA HERKENHOFF
    MARIA BEATRIZ LIMA HERKENHOFF

    Que alegria Rosemari, saber que as sementes que planto, através da minha escrita, estão dando lindos frutos em sua vida, beijos carinhosos

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