Quem é que não gosta de se divertir, não é mesmo? Um show, uma partida de futebol, um passeio com amigos, família ou qualquer coisa que nos tire da maçante rotina.
Não gosto de pensar que existam respostas com 100% de adesão, mas creio que essa é uma daquelas com uma alta taxa de pessoas dizendo sim, eu gosto dessa ideia. Pessoas com deficiência não fogem à regra. Eu mesmo amo um passeio.
Já fui a estádios para jogos e shows nacionais e internacionais, ginásios, restaurantes, uma infinidade de locais recreativos, sozinho e acompanhado.
No domingo, dia 09 de abril, fui à ExpoLondrina, evento agropecuário tradicional da cidade. Todo ano ela movimenta o nosso município, no entanto, confesso, fazia uns anos que não comparecia ao Parque de Exposições Governador Ney Braga. Porém, este ano algo me chamou a atenção, a ideia de existir um espaço voltado à pessoa com deficiência (PCD).
Não é segredo para ninguém, sempre digo isso aqui, quanto mais inclusiva a proposta, mais interessado fico em saber um pouco mais sobre ela, experimentá-la e tirar minhas próprias conclusões.
Fui lá, eram vários estandes com atividades recreativas, principalmente para o público infantil, algo bem legal, as entradas possuíam rampas, tínhamos pessoas para auxiliar os visitantes, um avanço significativo se pensarmos que nunca havia visto algo assim no parque antes, aliás, um dos motivos de ter abandonado minhas idas até lá.
Como nem tudo é perfeito, notei espaços com vários objetos e alguns estandes com um bom caminho de grama, logo pensei nas dificuldades das pessoas em cadeiras de rodas em acessar os locais. Fica aqui uma dica para melhorias futuras.
Voltei para casa, pensei nos perrengues que passei em shows que fui e logo acionei uma amiga publicitária, Rafaela Belém, para trocarmos experiências, visto que ela também é uma frequentadora assídua de shows internacionais.
Ela relatou a sua experiência mais recente, o show bombado do Coldplay em São Paulo. Além das dificuldades de chegar até a entrada do estádio, tendo que andar mais de um quilômetro de cadeiras de rodas, ainda viu o espaço reservado para PCDs sendo “invadido” por algumas celebridades. “Era um dos melhores lugares, dava para ver o Chris Martin (vocalista da banda) perfeitamente, então algumas celebridades foram sendo colocadas ali”, relatou-me.
Talvez você pense, a pessoa está com os melhores lugares, fica ao lado de famosos e ainda quer reclamar? Não é bem isso, é uma questão de bom senso. O espaço era reservado a pessoas com uma certa limitação, seja ela física, motora ou qualquer outra, e por um “capricho” ou falta de organização ou empatia passou a ser dividido com pessoas sem limitação aparente. E se por algum motivo isso causasse outro tipo de problema ou atrapalhasse a experiência de quem estava ali?
Não estou reclamando de “barriga cheia”, acho que as questões de acessibilidade têm melhorado muito no País quanto a shows e outros eventos. Muitos dos nossos espaços físicos não levavam em conta as pessoas com deficiência e isso exige reformas, adaptações e uma série de outras coisas, mas é preciso melhorar em tudo isso.
Sou grato pelos avanços até aqui, mas há muito a melhorar, afinal, todos queremos diversão!
*Vinícius Fonseca é pessoa com deficiência, jornalista, tecnólogo em gestão de Recursos Humanos com especialização em assessoria em Comunicação e M.B.A. em Gestão de pessoas. Também é escritor de poesias e contos, além de um eterno curioso
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