Sindicato coloca 232 cruzes em rotatória de Londrina numa referência ao número de trabalhadores paranaenses mortos em acidentes laborais no ano passado
Nelson Bortolin
Fotos: Nelson Bortolin
A rotatória da Avenida Madre Leonia Milito com a Avenida Ayrton Senna, na Gleba Palhano, amanheceu “cercada” por 232 cruzes nesta sexta-feira (28). Elas representam o número de mortes em acidentes do trabalho no ano passado, no Paraná. A manifestação foi feita pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil e Mobiliário de Londrina e Região (Sintracom). E marca o Dia Mundial das Vítimas de Acidentes de Trabalho.
De acordo com o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, coordenada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e pelo escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para o Brasil, no País, foram 2.538 mortes em 2022 em quase 613 mil acidentes.
A mortalidade no mercado de trabalho formal brasileiro voltou a apresentar a maior taxa dos últimos dez anos: 7 notificações a cada 100 mil vínculos empregatícios, em média.
Construção civil não registra mortes no trabalho em 3 anos

“A cada 15 segundos morre uma pessoa no mundo por acidente de trabalho”, afirma o presidente do Sintracom, Denilson Pestana (na foto).
Mas nem tudo é motivo de tristeza. A construção civil em Londrina não registrou nenhum acidente fatal nos últimos três anos, situação muito diferente de quando Pestana começou com sua lida no sindicato. “Nos anos de 1986, 87 e 88, perdemos 98 trabalhadores nas obras da cidade”, recorda.
Soterramento, choque elétrico e queda eram e são as principais causas de morte na atividade até hoje.
O sindicalista lembra que as construtoras sequer forneciam calçado adequado e uniforme para os trabalhadores naquela época. Pestana perdeu um amigo que trabalhava com ele na mesma obra. “O Zé Bispo ia trabalhar comigo de bicicleta, a gente trocava mistura na hora do almoço”, recorda.
O operário despencou do 18º andar. “Morreu por uma coisa simples, a falta de um corrimão de madeira”, conta.
O trabalho de fiscalização incessante realizado pelo Sintracom, as novas legislações e a tecnologia levaram à situação atual, muito mais tranquila, de acordo com Pestana.
Às 9 horas, a entidade repetiu o protesto, desta vez em frente à sede da Copel, na Rua Chile. Segundo o sindicato, trabalhadores vêm perdendo a vida por conta da falta de segurança nas empresas terceirizadas pela companhia.

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