Grupo vê em medidas do governo Bolsonaro submissão dos direitos sociais a interesses econômicos
Rede Lume de Jornalistas
Mais de 60 entidades ligadas à promoção dos Direitos Humanos no Brasil divulgaram um manifesto conjunto em que criticam medidas do atual governo que, segundo elas, vão na contramão dos direitos sociais das populações. A divulgação do documento marca o Dia Mundial dos Direitos Humanos, celebrado nesta terça-feira (10). Dentre as ações reprovadas pelo grupo estão pontos do Pacote Anticrime, do programa Juntos pela Vida, a extinção ou reformulação de espaços de participação popular – como Conselhos e Comitês – e propostas de desvinculação de receitas para a saúde e educação básicas.
“Outra questão que traz profunda preocupação tem a ver com as propostas de Emendas Constitucionais do Plano Mais Brasil, que efetivamente vão à contramão da garantia de direitos, destruindo, inclusive, direitos já garantidos. É grave a proposição de que ‘será observado, na promoção dos direitos sociais, o direito ao equilíbrio fiscal intergeracional’, sugerido como parágrafo único ao artigo 6º da Constituição Federal”, acrescenta o manifesto.
O Plano Mais Brasil, apresentado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, com o intuito declarado de estabilizar as contas públicas da União, Estados e Municípios. Para as entidades de Direitos Humanos há uma “submissão dos direitos e da vida aos interesses fiscais que, em nome de sanear o Estado, drenam recursos para o capital financeiro especulativo e retiram as condições para o investimento em políticas voltadas aos direitos humanos”.
As entidades também são críticas à posição diplomática assumida pelo Brasil em tratados internacionais, considerada conservadora e com forte influência religiosa. Com isso, perdem as chamadas minorias, como mulheres, LGBTs e populações tradicionais. Em julho deste ano, por exemplo, o Brasil acompanhou países islâmicos em votação que pautava os direitos reprodutivos das mulheres.
As organizações signatárias do manifesto instam instituições como o Congresso, o Ministério Público e o Poder Judiciário a cumprirem o que classificam como “suas responsabilidades no que se refere ao fortalecimento da democracia e ao cumprimento das garantias constitucionais e com os compromissos em direitos humanos”.
Violência
O documento traz uma preocupação acentuada com a insistência do governo em garantir o excludente de ilicitude, que isenta agentes de segurança de responderem criminalmente pela morte de outrem. Para as entidades, isto fomentará o “extermínio da juventude negra e pobre das periferias e da população negra em geral, bem como o ataque a lideranças e defensores/as de direitos humanos, que fazem luta pela terra, pelos territórios, pela natureza e pelos bens comuns e se encontram expostos a diversas situações de violências”.
Assinam o manifesto:
Articulação para o Monitoramento dos Direitos Humanos no Brasil
Movimento Nacional de Direitos Humanos – MNDH Brasil
Fórum Ecumênico ACT Brasil – FEACT
Processo de Articulação e Diálogo Internacional – PAD
Sociedade Maranhense de Direitos Humanos – SMDH
Acesso Cidadania e Direitos Humanos
Articulação de Mulheres Brasileiras – AMB
Articulação Nacional de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras – AMNB
Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais – ABONG
Associação de Mulheres Negras do Acre
CDES Direitos Humanos
Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas – CAA
Centro de Apoio as Iniciativas Sociais – CAIS
Centro de Defesa da Vida Herbert de Sousa – CDHVS
Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente Pe. Marcos Passerini
Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Serra
Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Londrina
Centro de Defesa dos Direitos Humanos e Educação Popular
Centro de Defesa dos Direitos Humanos Marçal de Souza Tupã
Centro de Defesa dos Direitos Humanos Nenzinha Machado
Centro de Direitos Humanos de Cristalândia
Centro de Direitos Humanos de Formoso do Araguaia
Centro de Direitos Humanos de Palmas
Centro de Direitos Humanos Dom Máximo Biennès
Centro de Direitos Humanos Maria da Graça Braz
Centro de Educação e Assessoramento Popular – CEAP
Centro de Estudos Feministas e Assessoria – CFEMEA
Centro de Referência em Direitos Humanos – UFRN
Centro do Negro do Pará – CEDEMPA
Centro Dom Hélder Câmara de Educação e Ação Social – CENDHEC
Centro Dom José Brandão de Castro
Coletivo Catarinense Memória, Verdade, Justiça
Comissão ARNS
Comissão de Justiça e Paz de Brasília
Comissão Pastoral da Terra – CPT
Comitê de Direitos Humanos Dom Thomás Balduíno
Comitê de Prevenção e Combate a Tortura do Piauí
Conselho de Igrejas Cristãs – CONIC
Coordenadoria Ecumênica de Serviço – CESE
FIAN Brasil
Fórum dos Direitos Humanos e da Terra – FDHT
Fundação Luterana de Diaconia – FLD
Fundação Instituto Nereu Ramos
Grupo de Mulheres Negras Mãe Andresa
Grupo Dignidade
Grupo Identidade LGBT
IDEAS – Assessoria Popular
Instituto Braços
Instituto Brasil Central – IBRACE
Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – IBASE
Instituto de Desenvolvimento e Direitos Humanos – IDDH
Instituto DH
Instituto Terramar
Koinonia – Presença Ecumênica e Serviço
Movimento de Mulheres do Campo e da Cidade/PA
Movimento do Espírito Lilás
Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST
Marcha Mundial de Mulheres / SC
Organização de Direitos Humanos Projeto Legal
Pastoral Carcerária Nacional
Pastoral da Juventude
SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia
União Nacional das Organizações Cooperativistas Solidárias – UNICOPAS
UNISOL Brasil


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