A inteligência artificial e os algoritmos têm lá a sua importância na internet. Eu mesmo acredito que, em razão desta coluna, tenho recebido várias indicações de vídeos com a temática voltada para Pessoa com Deficiência (PCD).

Ter acesso a esse conteúdo funciona, em alguns casos, como fonte de inspiração para textos publicados aqui. É o caso deste!

Na semana passada, recebi pelo Instagram um vídeo do que acredito ser duas irmãs, uma com deficiência e outra sem. Nele, a criança sem deficiência brinca, ensina, dá carinho e se diverte com a criança PCD.

Isso me fez ter duas reações, a primeira foi abrir uma “gaveta” de memórias da minha infância e a outra foi pensar em como é importante prepararmos nossas crianças sem deficiência a assimilarem e respeitarem o diferente.

Para quem não sabe eu tenho uma irmã um ano e poucos meses mais nova que eu. Ela nasceu sem deficiência alguma, mas, não sei se por observar os cuidados que nossos pais tinham comigo ou de modo natural, logo assimilou que uma das suas “tarefas” seria zelar por mim.

É inegável a relevância da presença dela na minha vida, principalmente na primeira infância. Aqui em casa sempre circulou, por exemplo, a história de que andei alguns dias depois dela, talvez motivado pelo fato dela ter trocado os primeiros passos. Também há lembranças de como ela estava sempre por perto nos recreios do colégio em que estudávamos e, o que eu acho mais legal, de como ela era uma criança mais apta a incluir crianças com alguma deficiência em brincadeiras coletivas.

Também me veio à memória uma amiga dos primeiros anos escolares, de como ela sempre me incluía nas brincadeiras, como naquela vez que ficamos até mais tarde batendo bola na quadra só para que eu melhorasse minhas aptidões no basquete.

Todas boas lembranças, memórias de gente que tentava me incluir e me fazer sentir visto apesar das minhas limitações. Gente que talvez nem saiba o quanto sou grato por tê-las em minha vida.

No entanto, nem tudo são flores, comecei a lembrar também das situações de bullying. A criança pode ser um “bichinho” bem maldoso se não for bem orientada pelos pais.

Por isso, esse texto, mais do que resgatar lembranças e celebrar a presença da minha irmã, Viviane, em minha vida é também um recadinho para os pais que têm criança sem deficiência.

Conversem com seus filhos, façam com que entendam a importância de respeitarem e incluírem o diferente em suas brincadeiras e outras atividades. No fim, com ou sem deficiência, somos todos humanos buscando entender nosso papel nesse mundo.

*Vinícius Fonseca é pessoa com deficiência, jornalista, tecnólogo em gestão de Recursos Humanos com especialização em assessoria em Comunicação e M.B.A. em Gestão de pessoas. Também é escritor de poesias e contos, além de um eterno curioso

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