Por Vinícius Fonseca*

Parece que o futuro sempre nos alcança antes mesmo de conseguirmos nos resolver com o nosso passado. Aliás, não parece! É exatamente assim. Pensamos em como podemos melhorar, executamos mudanças e antes que tais mudanças sejam assimiladas, surgem novas urgências.

Quem me lê com frequência aqui já me viu escrever sobre a importância da lei de cotas e de como ela garantiu às Pessoas com Deficiência (PcDs) a chance de ingressar no mercado de trabalho. Porém, pode perceber que apontei uma “falha” na sua aplicabilidade, afinal PcD só pode ser substituído por PcD, o que embora garanta oportunidades, fez com que empresas nos subjugassem aos cargos de menores salários, auxiliares, assistentes e outros.

Você, caro leitor, também já leu por aqui textos a respeito de pesquisas que mostram os rendimentos salariais de PcDs como sendo bem inferiores aos de pessoas sem deficiência e, lamento informar, o presente texto é um pouco de mais do mesmo – ou quase isso.

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Quase isso porque, finalmente, se pode notar vagas em cargos mais estratégicos direcionados para profissionais com deficiência. Teriam as empresas perdido o medo de arriscar? Será que finalmente entenderam que como qualquer pessoa nós também estudamos e nos preparamos para as oportunidades? Não sei, me parece cedo para cravar qualquer uma dessas afirmações, mas finalmente há sinais de um futuro um pouco mais promissor.

É verdade que as empresas que se “arriscam” no sentido de oportunizar chances com salários maiores e atividades mais complexas para PcDs ainda são minoria no mercado, mas confesso que tenho visto cada vez mais oportunidades surgirem e isso me enche de esperança em um futuro com vagas mais interessantes e com pessoas com deficiência participando mais ativamente dos processos decisórios nas mais diversas organizações.

No entanto, preciso fazer uma ressalva e é por isso que entendo que o futuro parece sempre chegar antes de estarmos devidamente preparados. Em geral as grandes vagas que aparecem exigem experiência. Como vou ofertar uma vaga de pleno ou sênior em um segmento mais técnico e ainda exigir experiência de profissionais que pouco tempo atrás estavam escondidos em cargos em que erros não comprometessem as atividades das empresas?

Não me tomem como o “reclamão” da vez. Eu sei que a realidade de precisar de experiência para um emprego e precisar de um emprego para ter experiência é a realidade de muitas pessoas sem deficiência também, sobretudo daquelas que estão começando no mercado de trabalho. Porém, quando falamos de cargos mais complexos subentende-se que o profissional já tem um tempo de mercado e isso precisa ser levado em conta por quem está contratando.

Se você é dono de uma empresa, gerente ou gestor de área, dê oportunidades para profissionais PcDs se desenvolverem além das atividades simples. Não tenha medo de promovê-los, de mudá-los de setor, de fazê-los crescer. Só assim podemos equalizar essa conta.

O futuro é promissor, mas anda precisando de um empurrãozinho. Espero que ao menos o futuro dos profissionais com deficiência comece agora. Conto com vocês!

*Vinícius Fonseca é pessoa com deficiência, jornalista, tecnólogo em gestão de Recursos Humanos com especialização em assessoria em Comunicação e M.B.A. em Gestão de pessoas. Também é escritor de poesias e contos, além de um eterno curioso.

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