Segundo o delegado, os seis policiais investigados pela morte dos jovens William Jones Faramilio da Silva Junior e Anderbal Campos Bernardo Junior não serão alvos de ação judicial
Nelson Bortolin
Se depender do delegado João Batista dos Reis, que preside o inquérito, os seis policiais investigados pela morte dos jovens William Jones Faramilio da Silva Junior e Anderbal Campos Bernardo Junior não serão alvos de ação judicial. Em seu relatório, ele diz: “Pós a análise do boletim de ocorrência, depoimentos de testemunhas, documentos e laudos periciais, conclui-se que os policiais militares agiram em legítima defesa e no estrito cumprimento de seu dever legal”.
Ele ressalta que deixa de “proceder ao formal indiciamento” deles por agirem amparados pelas excludentes de ilicitude previstas Código Penal.
Estudo realizado pela Defensoria Pública do Paraná a respeito de 302 casos de pessoas mortas pela polícia no Estado em 2022, mostra que apenas 3 resultaram em ações penais.
O advogado Mauro Martins, que defende as famílias dos dois jovens mortos e também o sobrevivente, não se conforma com o relatório já apresentado pelo delegado. E pede ao Ministério Público que ordene algumas diligências. Uma delas é para saber se as viaturas da PM que atuaram no caso são rastreadas. A outra visa descobrir, junto à montadora Chevrolet, se o Cruze tem rastreador e se esse equipamento funciona mesmo sem o serviço de uma empresa de rastreamento.
A proprietária do carro alega que o veículo era rastreado, mas que as prestações do serviço estavam atrasadas. Por isso, o advogado também quer que a empresa rastreadora seja intimada a dizer se tem informações sobre o trajeto do veículo no dia das mortes.
Vizinhos dizem que a Choque já rondava os jovens enquanto eles estavam na casa do amigo, no Parque Universitário. “Cerca de 30 minutos antes de morrer, os rapazes estavam com o carro na casa desse amigo. Por que a abordagem não foi feita ali, com o carro parado?”, questiona Martins.
De acordo com ele, a hipótese mais provável é a de que a Choque esperou para abordá-los num local onde tinha certeza que não havia câmeras de segurança.
A defesa já tinha solicitado à Polícia que averiguasse se existem câmeras da Guarda Municipal próximas às avenidas Soiti Taruman e Juvenal Petraróia, bem como da Rua Vital Ferreira, no Jardim Colúmbía, por onde eles passaram. A Guarda Municipal, no entanto, já disse que as imagens dessas câmeras só ficam armazenadas por até 20 dias.
O promotor do caso, Tiago de Oliveira Gerardi, ainda não apresentou seu relatório.
Jurado de morte
Em depoimento, a avó materna de William, Maria Lopes, afirma que, dez dias antes das mortes, Anderbal teria ido na casa dela visitar o amigo. Ele estava com olho roxo e contou que tinha sido agredido por uma equipe da Choque. Essa equipe o teria ameaçado.
Para Maria Lopes, a abordagem da PM se deu porque Anderbal estava “jurado de morte”.
Leia também:
Sobrevivente diz que jovens foram executados pela Polícia
Testemunha diz que amigos estavam desarmados
Um ano de sofrimento
A Lume faz jornalismo independente em Londrina e precisa do seu apoio. Curta, compartilhe nosso conteúdo e, quando sobrar uma graninha, fortaleça nossa caminhada pelo PIX (Chave CNPJ: 31.330.750/0001-55). Se preferir contribuir com um valor mensal, participe da nossa campanha no Apoia-se https://apoia.se/lume-se.


Deixe uma resposta