Pessoas com deficiência estão amontoadas em enfermaria insalubre, onde deveriam ter tratamento médico

Nelson Bortolin

Um vídeo gravado de dentro do Complexo Médico Penal (CMP) de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), mostra a crueldade como estão sendo tratadas pessoas com deficiência (PCDs) naquela unidade.

As imagens têm data deste domingo (28) e foram repassadas por familiares de presos ao deputado estadual Renato de Freitas (PT).

Entre as cenas chocantes, um homem aparece deitado de bruços sobre uma maca com boa parte das nádegas destruídas por uma úlcera de pressão (escara).

O cadeirante que grava as imagens mostra sua bolsa coletora com urina cor de sangue.

Outra cena difícil de assistir é a de um homem movimentando a perna fraturada. O narrador diz que ele deveria ter passado por uma cirurgia que nunca foi realizada.

Ainda são mostradas aranhas marrons dentro de um pote. Os presos teriam sido picados pelos insetos.

O vídeo também mostra lixo acumulado no que deveria ser uma enfermaria.

A situação calamitosa da unidade já foi denunciada há quase dois anos pelo Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT). Uma equipe do órgão visitou unidades prisionais do Paraná e elaborou um relatório com 217 páginas sobre as condições encontradas.

Pelo jeito, desde então nenhuma providência foi tomada pelo Estado.

A Rede Lume fez reportagem sobre esse relatório em outubro de 2022. Veja alguns trechos do que foi relatado sobre o CMP.

“Em algumas celas, os custodiados estavam dormindo no chão sem colchão. Na ala feminina, reforçaram-se as reclamações frente à falta de comida, sua má qualidade, comida sem tempero, recebimento de comidas azedas, pedaços de pedras e madeiras encontradas na comida e café com leite azedo.”

Segundo o Mecanismo, as presas se queixaram da proliferação de aranhas nas celas, sendo que “muitas apresentam picadas” pelo corpo.

O relatório já citava a situação da ala das pessoas com deficiência: “As celas não dispõem de abertura suficiente para que as pessoas presas possam utilizar o vaso sanitário e houve muitos relatos de que a maioria fazia suas necessidades fisiológicas no chão.”

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